Correio Braziliense
postado em 14/07/2020 04:24
O mercado abriu otimista ontem com o principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o Ibovespa, segurando os 100 mil pontos conquistados na sexta-feira. No entanto, apesar de passar a maior parte do pregão em alta, o Ibovespa sofreu uma virada na reta final, depois das 16h, e fechou em queda de 1,33% aos 98.697 pontos. O movimento acompanhou os índices norte-americanos, que, após subirem mais de 1%, terminaram o dia com desvalorização por conta do avanço do coronavírus nos Estados Unidos, que está impedindo a reabertura econômica de estados como a Califórnia. Com o nervosismo, o dólar subiu 1,26% cotado em R$ 5,39.
Para o analista de investimento da Mirae Asset Pedro Galdi, as bolsas abriram fortes e a do Brasil acompanhou. “À tarde, um membro do Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) disse não estar tão otimista com a recuperação dos EUA e a Califórnia fechou tudo. Bastou para os índices de Nova York irem para o vermelho”, explicou. Galdi prevê uma semana amena, apesar do movimento de hoje. “Quarta-feira sai uma bateria de dados, se muitos vierem bem, como eu acho que virão, podem dar uma ‘alegrada’ no mercado”, projetou.
Segundo Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, a semana começou otimista, após um fechamento positivo na sexta-feira passada. “O fast track (decisão da FDA — a Anvisa dos EUA — de garantir velocidade às vacinas da Pfizer e da BioNTech) para acelerar vacinas trouxe o positivismo aos investidores pela manhã”, avaliou. A estimativa do Boletim Focus, que projetou uma queda mais branda do Produto Interno Bruto (PIB) do país para 2020 também colaborou. O Focus reduziu de 6,50% para 6,10% a previsão de recuo do PIB brasileiro.
Bertotti destacou que a expectativa para a temporada de balanços também deixa o mercado volátil. “O primeiro trimestre não teve efeito completo do novo coronavírus. O segundo trimestre trará o impacto cheio. Mas a nossa bolsa está decorrente do mercado internacional. Mesmo com os resultados saindo, e muitos não vão ter bons números, há o incentivo dos bancos centrais. Isso é positivo”, ponderou.
Essa volatilidade é que não deixou a bolsa consolidar os 100 mil pontos, na opinião de Bertotti. “Os 100 mil não têm consolidação, porque os dados econômicos vão trazer a realidade, que não é boa. O mercado andava descolado dessa realidade”, disse. Para a semana, há dados de seguro desemprego que serão divulgados nos EUA. “As novas contaminações, que provocaram lockdowns, preocupam, porque os países elevaram a relação dívida/PIB para combater a primeira onda. Se vier a segunda onda, de onde virão os recursos?”, indagou.
"Os 100 mil pontos não têm consolidação, pois os dados econômicos vão trazer a realidade, que não é boa. O mercado andava descolado dessa realidade”
Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos
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