Correio Braziliense
postado em 15/07/2020 15:56
A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) revisou as simulações de crescimento econômico da América Latina e Caribe para 2020. Em consequência dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, a contração se aprofunda e pode registrar um tombo de 9,1%, em 2020. A queda será tão grande, que haverá um retrocesso de 10 anos nos níveis de renda por habitante, para o registrado em 2010. Além de aumento do desemprego e dos níveis de desigualdade. Com a nova estimativa, o número de desempregados chegaria a 44,1 milhões de pessoas, o que representa um aumento de quase 18 milhões com relação ao nível de 2019 (26,1 milhões de desempregados).
De acordo com a Cepal, tanto os choques externos como os internos se tornaram mais fortes do que o previsto no último mês de abril, o que levou a uma mudança para baixo nas projeções. Alicia Bárcena, secretária-geral da Cepal, destacou que a região se encontra hoje no epicentro da pandemia e, enquanto alguns governos começaram a reduzir as medidas de contenção, outros tiveram que continuar ou até intensificá-las, devido ao aumento persistente dos casos diários da doença.
A atividade econômica no mundo está caindo mais do que o previsto há alguns meses, como consequência da crise causada pelo coronavírus (COVID-19) e, com isso, aumentam os impactos externos negativos na América Latina e no Caribe por meio do canal comercial, de termos de troca, de turismo e de remessas, apontou o Relatório especial Covid-19 N%u2070 5 da Cepal, intitulado: Enfrentar os efeitos cada vez maiores da Covid-19 para uma retomada com igualdade: novas projeções, que foi apresentado nesta quarta-feira, 15 de julho Alicia Bárcena, em coletiva de imprensa virtual, a partir de Santiago, Chile.
Segundo o relatório, dado que tanto o choque externo como o interno se intensificaram, a região apresentará uma queda do produto interno bruto (PIB) de 9,1% em 2020, com diminuições de 9,4% na América do Sul, 8,4% na América Central e México e 7,9% no Caribe excluindo a Guiana, cujo forte crescimento leva o total sub-regional a uma menor contração (de -5,4%). O documento aborda que a queda na atividade econômica é de tal magnitude que levará a que, até o final de 2020, o nível do PIB per capita da América Latina e do Caribe seja similar ao observado em 2010, ou seja, haverá um retrocesso de 10 anos nos níveis de renda por habitante.
“Agora é esperado um aumento também maior do desemprego, o que por sua vez, provocará uma deterioração importante nos níveis de pobreza e desigualdade”, afirmou Alicia Bárcena em sua apresentação. Espera-se que a taxa de desemprego regional seja em torno de 13,5% no final de 2020, o que representa uma revisão para maior (2 pontos percentuais) da estimativa de abril e um aumento de 5,4 pontos percentuais em relação ao valor registrado em 2019 (8,1%). Com a nova estimativa, o número de desempregados chegaria a 44,1 milhões de pessoas, o que representa um aumento de quase 18 milhões com relação ao nível de 2019 (26,1 milhões de desempregados).
Esses números são significativamente maiores do que os observados durante a crise financeira mundial, quando a taxa de desemprego aumentou de 6,7% em 2008 para 7,3% em 2009 (0,6 ponto percentual), indica o relatório. Por outro lado, a queda de 9,1% do PIB e o aumento do desemprego teriam um efeito negativo direto sobre a renda familiar e sua possibilidade de contar com recursos suficientes para atender às necessidades básicas. Nesse contexto, a Cepal projeta que o número de pessoas em situação de pobreza aumentará 45,4 milhões em 2020, com o qual o total de pessoas nessa condição passaria de 185,5 milhões em 2019 para 230,9 milhões em 2020, número que representa 37,3% da população latino-americana.
Dentro desse grupo, o número de pessoas em situação de extrema pobreza aumentaria em 28,5 milhões, passando de 67,7 milhões de pessoas em 2019 para 96,2 milhões de pessoas em 2020, número que equivale a 15,5% do total da população. A Cepal também projeta uma maior desigualdade na distribuição de renda em todos os países da região: o índice de Gini aumentaria entre 1% e 8% nos 17 países analisados, e os piores resultados são esperados nas maiores economias da região.
Segundo o relatório, os países da região anunciaram grandes pacotes de medidas fiscais para enfrentar a emergência sanitária e mitigar seus efeitos sociais e econômicos. Além disso, a magnitude da atual crise levou as autoridades monetárias a incluir ferramentas convencionais e não convencionais em suas ações. As ações dos bancos centrais da região foram encaminhadas não somente para atenuar os efeitos da crise e estabelecer as bases para uma possível retomada, mas também a preservação da estabilidade macrofinanceira das economias.
Saiba Mais
De acordo com a secretáriaPara a qualquer uma dessas linhas de ação, é necessário fortalecer o papel das instituições financeiras internacionais de forma que possam apoiar melhor os países”, enfatizou Alicia Bárcena. “Os esforços nacionais devem ser apoiados pela cooperação internacional para ampliar o espaço de política por meio de maior financiamento em condições favoráveis e alívio da dívida. Além disso, avançar na igualdade é fundamental para o controle eficaz da pandemia e para uma recuperação econômica sustentável na América Latina e no Caribe”, reforçou Bárcena.
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