Economia

Presidente do BC diz que é preciso avaliar prós e contras da nova CPMF

Roberto Campos Neto admitiu, contudo, que a ideia normalmente não é bem vista no mundo dos banqueiros centrais

Correio Braziliense
postado em 16/07/2020 15:24
Roberto Campos NetoO presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu que impostos sobre transações financeiras normalmente não são bem vistos no mundo dos banqueiros centrais. Porém, disse que os brasileiros precisam levar em conta os prós e os contras dessa proposta, que voltou à mesa nesta semana após o Ministério da Economia confirmar que a criação de um tributo similar à antiga da CPMF será proposta ao Congresso.

"Acho que nenhum banqueiro central do mundo com o qual você converse vai te dizer que acha que um imposto sobre transações financeiras é um imposto que tradicionalmente é querido pelo mundo dos banqueiros centrais", reconheceu Roberto Campos Neto, que foi questionado sobre a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, em live promovida pelo Itaú nesta quinta-feira (16/07).

Ele disse, por outro lado, que é preciso considerar as justificativas dessa proposta. Segundo Guedes, a ideia de tributar as transações financeiras digitas será apresentada para permitir a redução de outros impostos, sobretudo a desoneração da folha de pagamento, que, como lembrou Campos Neto, deixa o custo trabalhista muito elevado no Brasil.

"No Brasil, a gente tem que olhar o que tem a ganhar e perder. Tem que entender porque está sendo criado. Acho que a ideia do ministro de ter um instrumento para poder fazer um abono, para poder fazer uma desoneração de folha grande é muito relevante", defendeu Campos Neto, que fez questão de ressaltar que o BC trabalha de forma integrada ao Ministério da Economia e está disposto a ajudar no que puder.

Roberto Campos Neto também saiu em defesa da proposta dizendo que já há outros grupos pensando em tributar as transações eletrônicas mundo afora, já que os pagamento digitais são cada vez mais comuns e serão o futuro do sistema financeiro. "Tem grupos no mundo, inclusive um grupo no G20, tentando ver como vai ser o imposto do futuro, onde todas as transações vão ser digitais. E estão caminhando para uma coisa nesse sentido, mas com compensações na cadeia", contou.

Porém, o presidente do BC fez um pedido em relação à nova CPMF: que a alíquota seja de fato pequena. "O Brasil está com juros baixos. Então, tem que ser uma alíquota muito pequena para não causar desintermediação financeira", alertou. Assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos adiantou, no CB Poder, que a alíquota da nova CPMF deve variar entre 0,2% e 0,4%.

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