Banco Central promete novas medidas de crédito para as pequenas empresas

Segundo o presidente da autoridade monetária, uma medida provisória pode sair ainda nesta quinta-feira

Correio Braziliense

postado em 16/07/2020 16:20

O Banco Central (BC) calcula que a oferta de crédito cresceu 18,3% para as empresas brasileiras durante a pandemia do novo coronavírus. Porém, admite que isso ainda não foi suficiente. Por isso, prometeu publicar quatro novas medidas de direcionamento de crédito para as micro e pequenas empresas brasileiras nos próximos dias. E a primeira delas pode sair ainda nesta quinta-feira (16/07).

"Entendemos que foi feito bastante coisa, mas entendemos que a parte do direcionamento, que o crédito não chegou nas pequenas e médias empresas como nós queríamos. [...] Em face disso, fizemos um novo grupo de medidas. Tem uma Medida Provisória (MP) que deve sair hoje. São quatro medidas e todas elas são direcionadas às pequenas e médias empresas", adiantou o presidente do BC, em live promovida com o mercado financeiro nesta quinta-feira (16/07).

Roberto Campos Neto não deu mais detalhes sobre essas novas medidas. Só disse que a próxima MP deve ter um "alcance bom, porque tem um componente de baratear o custo de capital dos bancos".

No fim de junho, contudo, o BC já havia prometido implementar novas medidas com o intuito de direcionar mais de R$ 200 bilhões de capital e liquidez para os pequenos negócios. Entre essas medidas, estavam a redução das exigências de provisões dos bancos, além do direcionamento de capital para as cooperativas de crédito.

Pronampe

O presidente do BC também confirmou que o governo federal vai ampliar os recursos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O programa emprestou mais de R$ 11 bilhões para os pequenos negócios nos últimos dias e acabou ficando sem recursos para novos financiamentos na Caixa, no Banco do Brasil e no Itaú.

Ele ressaltou, contudo, que a suplementação do Pronampe vai ser acompanhada de outras medidas, como a que foi prometida para esta quinta-feira. Afinal, o Pronampe "tem um desempenho super bom, mas é pouco perto do que precisa ser feito".

O programa oferece originalmente R$ 15,9 bilhões de garantias para o crédito das pequenas empresas. E deve ganhar um reforço entre R$ 6 bilhões, se depender da equipe econômica, e R$ 20 bilhões, se depender do Congresso. Porém, as entidades que representam as pequenas empresas calculam que seria necessário cerca de R$ 200 bilhões de crédito para atender todo o setor.  

Preocupação

Segundo Roberto Campos Neto, a grande preocupação do BC hoje é manter o crédito crescendo no país. Ele explicou que o BC tem dados que mostram um avanço na oferta de crédito, mas sabe que a procura pelos financiamentos bancários cresceu muito mais e que, por isso, ainda existe um "sentimento de não estar sendo atendido" entre as pequenas empresas. 

Além disso, o presidente do BC destacou que a oferta de crédito pode acelerar a recuperação da economia brasileira no pós-coronavírus. "Os países onde o crescimento de crédito não foi tão bom ou foi negativo têm uma recuperação mais lenta. E os países onde o crescimento de crédito foi mais acentuado têm uma recuperação mais acentuada. Dá para ver isso na Ásia, nos Estados Unidos, nos demais países emergentes. Então, nossa grande preocupação é manter o crédito crescendo", contou.

Ele garantiu, por sua vez, que o desempenho do mercado de crédito brasileiro na pandemia não tem sido tão ruim quanto a maior parte da população acredita. Segundo os dados do BC, mais de R$ 700 bilhões já foram emprestados pelos bancos às empresas e às famílias brasileiras desde o início da quarentena. Por isso, houve uma alta de 18,3% na oferta de crédito para as pessoas jurídicas e de 7,2% para as pessoas físicas nesse período, em relação ao mesmo período do ano passado.

"Nenhum outro mercado emergente cresceu o crédito na forma como o Brasil. Então, isso nos leva a crer que nossa recuperação vai ter um ângulo melhor", destacou. Ele reiterou, por sinal, o otimismo com os dados econômicos de maio e junho, que apontam para o início de uma recuperação em V no Brasil.