Economia

Operadoras de telefonia revelam crimes de extorsão ao secretário da Justiça

Prestadoras de telecomunicações são alvo de vários roubos, mas, no Rio de Janeiro, bandidos desligam as antenas e cobram resgates para religar, enquanto população fica sem serviço

Representantes das operadoras de telefonia do país se reuniram, nesta segunda-feira (20/7), com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Tercio Issami Tokano, a fim de buscar uma saída para reduzir e controlar os crimes contra o setor. Além do roubo de baterias das antenas e de cabos, as prestadoras agora são alvos de extorsão. Segundo vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, Fabio Augusto Andrade, as milícias do Rio de Janeiro desligam as antenas e cobram resgate para religar.

A audiência era com o ministro da Justiça, André Mendonça, que está com suspeita de covid-19 e não pôde participar da reunião, coordenada pelo secretário Tokano. “Todas as empresas vieram trazer as informações, porque nosso setor é vítima de vários crimes, entre furtos de equipamentos e cabos, com mais de 5 milhões de clientes impactados”, disse Andrade. 

O executivo detalhou a nova modalidade de extorsão. “Isso surgiu durante a pandemia, quando o serviço de telecomunicações é ainda mais necessário. A milícia desliga as antenas e cobra resgate para religar. O temor é de que isso possa tomar uma dimensão nacional, porque as operadoras não compactuam em pagar. Quem fica sem o serviço é o consumidor”, explicou.

A preocupação é que, em maior escala, o crime afete serviços essenciais de saúde e de segurança do Estado, entre outros. As ações de sequestros dos sites e estações, como impedimento, vandalismo e desligamento, são mais preocupantes, uma vez que podem desligar a ERB (estação rádio-base ou simplesmente antena), paralisando totalmente o serviço de telefonia móvel, voz, dados e internet. No Rio de Janeiro, onde esse problema é maior, há cerca de 123 regiões (comunidades e favelas) com impedimento de acesso para atuação das prestadoras dentro e nas suas proximidades.

“Todas  operadoras sofrem com isso. O pior local é a baixada fluminense”, disse. Os representantes das operadoras detalharam os crimes para o secretário executivo da Justiça. São mais 94 mil registros por ano de roubo de cabos, equipamentos e baterias. Durante um ano, são furtados cerca de 4 milhões de metros de cabos, o que representa a distância do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS); 36 mil equipamentos entre placas de transmissão, comutação, roteadores, sites e estações; e 42 mil baterias

O secretário prometeu levar ao ministro a ideia de criar um Grupo de Trabalho com as operadoras e a inteligência do Ministério da Justiça e dos estados para ver de que forma combater os principais ilícitos. A ideia é fazer um mapeamento para ver quais são os crimes mais cometidos em determinado local, ver quem são os receptadores dos materiais roubados, para agir de forma personalizada e efetiva em cada região. 

Os equipamentos roubados são caros e de difícil reposição, de acordo com Andrade. “O ministério vai ver a possibilidade de usar a Polícia Federal no combate a esses crimes, uma vez que o setor de telecomunicações é regulado pelo governo federal. Estamos nessa luta”, acrescentou o vice-presidente da Claro. Segundo ele, os principais crimes no Distrito Federal são roubos e furtos de cabos e baterias.