Economia

Pandemia vai intensificar agenda de inovação do BC, diz Damaso

Para o diretor do BC, os hábitos digitais trazidos pela pandemia serão perenes e vão exigir mais inovação do sistema financeiro

Correio Braziliense
postado em 21/07/2020 14:45
Otavio DamasoO diretor de regulação do Banco Central (BC), Otavio Damaso, disse que a agenda de inovação do sistema financeiro deve ser intensificada após a pandemia do novo coronavírus. Isso porque, para o BC, a tecnologia bancária ajudou os brasileiros a enfrentarem a pandemia e deve ser cada vez mais demandada com o passar do tempo.

"A agenda de inovação do BC não foi atrasada. Pelo contrário. Reforçamos os projetos. E provavelmente essa agenda vai ser intensificada nos próximos meses e anos", disse Damaso, durante o Congresso de Direito Digital, Tecnologia e Proteção de Dados, realizado nesta terça-feira (21/07) pela Opice Blum Academy.

Damaso afirmou que os investimentos em inovação já realizados pelo sistema financeiro ajudaram na solução de alguns problemas trazidos pela pandemia do novo coronavírus. Afinal, permitiram que os brasileiros continuassem pagando suas contas e movimentando seus recursos de forma remota, sem sair de casa, durante o isolamento social; e ainda ajudaram o governo brasileiro a encontrar e pagar os trabalhadores informais que não estavam nos cadastros públicos, mas hoje estão recebendo o auxílio emergencial de R$ 600 por meio de uma poupança social digital.

Ele disse até que, se essa agenda de inovação estivesse mais avançada na economia brasileira como um todo e não apenas no sistema financeiro, teria sido possível executar mais rapidamente os programas emergenciais de transferência de renda exigidos pela pandemia do novo coronavírus.  "O alcance seria mais amplo e rápido das políticas públicas e seria mais eficiente se tivesse toda a economia digitalizada", comentou.

Por isso, garantiu que a pandemia só reforçou a agenda de inovação do BC. "Isso demonstrou a grande importância de seguir em frente com a agenda de inovação no âmbito do sistema financeiro. [...] E faz com que o Banco Central aprofunde a agenda de inovação, por entender que, mesmo em situações atípicas como a que estamos vivendo, ela traz soluções importantes", comentou o diretor do BC.

Damaso lembrou ainda que o Banco Central pretende lançar o open banking e também o sistema de pagamentos instantâneos PIX ainda neste ano. E destacou que, apesar das dificuldades operacionais trazidas pelo novo coronavírus, a autoridade manteve o cronograma de implementação desses projetos por entender que eles vão trazer mais eficiência e competitividade para os serviços financeiros. 

"Um dos objetivos do open banking é aumentar a eficiência do sistema financeiro como um todo. O sistema financeiro é eficiente, mas vemos um espaço enorme para o aumento da eficiência com o open banking, seja no aspecto de competitividade, seja no aspecto de inclusão de mais participantes e de ter uma forma mais profunda de relação da sociedade com o sistema financeiro", afirmou o diretor do BC, lembrando que isso será cada vez mais necessário após a pandemia do novo coronavírus. "As mudanças de hábito que estão ocorrendo nesse processo provavelmente serão perenes. Vai ter que avançar com a inovação para atender as demandas do consumidor", pontuou.
 
 

Open banking


Otávio Damaso lembrou que, assim como o PIX, o open banking deve ser implementado no Brasil a partir de novembro. O projeto vai permitir que o consumidor compartilhe os seus dados, de forma segura, com todas as instituições do sistema financeiro. E esse compartilhamento de dados vai permitir que os bancos conheçam melhor o perfil e o histórico de pagamento de cada consumidor e, assim, ofereçam produtos mais baratos e mais adequados a cada um, segundo o BC.

O diretor do BC lembrou ainda que o compartilhamento de dados será feito de forma segura, apenas entre as instituições financeiras que são reguladas, podem ser monitoradas e eventualmente punidas pelo BC. Os grandes bancos são obrigados a aderir a esse sistema. Já para as instituições menores, a participação é optativa. Todas as instituições que decidirem aderir ao open banking, contudo, devem obter e também ceder informações a esse sistema.

Saiba Mais

O compartilhamento dos dados só será autorizado, por sua vez, mediante o consentimento do consumidor. Afinal, o open banking foi desenhado de forma alinhada à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entende que o consumidor é o dono das suas informações e pode optar por deixá-las apenas no seu banco ou com todos os bancos do sistema. 

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