De acordo com o presidente do Ipea, Carlos von Doellinger, o objetivo é contribuir para que a discussão da retomada tenha uma linha mestra, focada em atrair investimentos privados. “A taxa de investimentos do país está muito baixa, em torno de 15% do PIB (Produto Interno Bruto), e não tem como o país crescer mais do que 3% com uma taxa nesse patamar”, explicou,em entrevista ao Correio.
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Doellinger defendeu medidas de estímulo à formação de capital e investimentos em infraestrutura, principalmente, em ferrovias, que são estratégicas para o país crescer barateando o custo do transporte de carga e retomar o de passageiros. Segundo o estudo, “o atual modelo de concessões ferroviárias tem criado um mercado cativo por este tipo de transporte para os produtores das principais commodities de exportação, perdendo assim sua característica de transporte público”.
O presidente do Ipea reconheceu que o investidor privado, principalmente, o estrangeiro, só realizará investimentos de longo prazo no país se houver avanços nas reformas estruturantes (como a tributária e a administrativa), nos marcos regulatórios e nas garantias de manutenção de contratos, ou seja, segurança jurídica. Pelas projeções do Ipea, nesse cenário transformador, a taxa de investimento ficaria acima de 20% PIB a partir de 2027, patamar parecido com o de 2014, passando para 21% do PIB em 2030.
Na avaliação de Doellinger, é fundamental o compromisso de que os gastos públicos, que cresceram demasiadamente neste ano, sejam contidos a partir de 2021, respeitando o teto de gastos, evitando que a dívida pública exploda. “O governo não tem dinheiro para investir e, para estimular o investidor privado, pode dar garantias para os empréstimos das empresas, principalmente, pequenas e médias, que têm mais dificuldade para se financiarem. Isso vai ajudar muitas empresas a não fecharem as portas no pós-pandemia”, aconselhou.
Para o economista, o governo também precisa ter uma estratégia mais elaborada para o comércio internacional, buscando melhorar as vantagens comparativas em áreas onde o país se destaca, como o agronegócio. “O Brasil precisa melhorar a competitividade, e não adianta querer colocar indústria sofisticadas enquanto a indústria local está encolhendo e o setor terciário avançando para mais de 70% do PIB”, destacou.
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