Correio Braziliense
postado em 22/07/2020 13:17
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou que a economia brasileira já apresenta sinais de recuperação da crise do novo coronavírus. E disse que, por isso, o baque do Produto Interno Bruto (PIB) não será tão grande quanto os 6,4% projetados pelo BC no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).Em live realizada pelo Valor Econômico nesta quarta-feira (22/07), Roberto Campos Neto disse que a perspectiva de queda de 6,4% do PIB de 2020 foi calculada em um cenário de "grande incerteza" e tem sido sucedida por indicadores de alta frequência que mostram para o início de uma "volta em V" da economia brasileira. Por isso, garantiu que "-6,4% é um número pessimista". "Acho que tem uma assimetria para melhor", afirmou.
O presidente do BC não deu, contudo, nenhuma pista de qual deve ser a próxima projeção da autoridade monetária para o PIB do Brasil em 2020. Ele explicou que o desempenho da atividade econômica no ano estará muito atrelado ao PIB do segundo trimestre, que ainda não foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vai mostrar o real tamanho da crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
"A grande incerteza é sobre o número do segundo trimestre. E é ele que vai ditar o crescimento do ano", disse Campos Neto. Ele admitiu, contudo, que "a queda foi muito intensa" nesse período, devido às restrições impostas pelo novo coronavírus. "A queda foi de fato muito abrupta, porque foi como um coma induzido. De repente, desligou tudo. E não teve nenhuma experiência parecida na história", comentou.
Roberto Campos Neto ainda reconheceu que o início dessa recuperação foi acelerado, mas ocorreu de forma desigual. Isso porque o comércio e a indústria já apresentaram resultados positivos em maio, mas os serviços não. "Os serviços têm uma volta mais lenta, mas teve alguns componentes da PMS [Pesquisa Mensal de Serviços] que decepcionaram um pouco", disse Campos Neto. Ele explicou que os agentes econômicos já esperavam a queda dos serviços prestados às famílias, mas também foram surpreendidos com uma contração dos serviços ligados a empresas e à tecnologia.
Além disso, ele afirmou que essa recuperação pode perder força com o passar do tempo. "Acho que não deve ter um V completo. O V deve suavizar", comentou. Ele disse, então, que ainda é preciso entender o que vem pela frente para poder reduzir as incertezas que têm dominado as projeções econômicas durante a pandemia do novo coronavírus.
Campos Neto garantiu, por sua vez, que alguns elementos podem contribuir com a velocidade dessa recuperação. Uma delas é o auxílio emergencial, que tem ajudado a recompor a renda das famílias mais pobres na economia e deve incentivar o consumo dessas famílias até pelo menos dezembro, segundo o BC. Outro ponto importante é o acesso ao crédito, que continua sendo uma das preocupações do governo na pandemia.
"Em outros países, uma das coisas que tem determinado o formato dessa recuperação, se o ângulo do V é mais inclinado ou suave, é o crescimento do crédito. Ter o canal de crédito funcionando parece muito importante. Por isso, temos feito um grande esforço para que o canal de crédito continue crescendo", contou Campos Neto.
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