Economia

IPCA-15 sobe 0,3% em julho

Correio Braziliense
postado em 25/07/2020 04:13
Com alta de 4,47% no mês, gasolina ajudou a puxar o índice

Considerado uma prévia da inflação oficial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,3% no início deste mês. O número foi maior de que o observado no auge da pandemia do novo coronavírus, mas ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma taxa maior com a reabertura das atividades econômicas. Por isso, reforçou o entendimento dos analistas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) tem espaço para promover mais um corte na taxa básica de juros (Selic).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a elevação do IPCA-15 foi puxada pelos combustíveis. Em julho, a gasolina subiu 4,47%, após quatro meses consecutivos de quedas. Também ficaram mais caros o etanol (4,92%) e o óleo diesel (2,50%). Além disso, foi registrada um aumento de 0,5% nas despesas com habitação, devido ao reajuste da energia elétrica (1,03%) e da taxa de água e esgoto (0,13%).

Por outro lado, foram observados recuos de componentes importantes da inflação. O grupo de alimentação e bebidas, que vinha sendo o vilão da inflação na quarentena, por exemplo, veio negativo em 0,13%, devido à queda de 0,2% da alimentação no domicílio. As despesas pessoais recuaram 0,23% e as peças de vestuário, 0,91%. “O IPCA-15 veio muito abaixo das projeções, que giravam em torno de 0,4%. E isso ocorreu, sobretudo, devido aos serviços. Não está havendo recomposição de preços nesse setor nesse primeiro momento da reabertura”, afirmou o economista da XP Vitor Vidal.

“O desemprego está muito elevado, por isso os empresários não têm espaço para repassar o aumento de custos. E isso sugere que a inflação vai continuar muito confortável neste ano e também no primeiro semestre do ano que vem”, acrescentou o economista da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo.
Segundo os economistas, o dado também reforça o entendimento de que a recuperação econômica vai ocorrer de forma lenta e gradual. E que, por isso, há espaço para um novo corte de juros na próxima reunião do Copom, marcada para daqui a 10 dias. A expectativa é que o Comitê faça um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, levando a taxa básica para nova mínima histórica, de 2% ao ano.

Em live com XP, ontem, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, admitiu a possibilidade de uma nova queda dos juros, mas observou que "o espaço de política monetária é residual”, ou seja, se a Selic sofrer modificação, será de pequena monta.

Serra disse que o Copom terá que reavaliar o cenário econômico na próxima reunião. Para ele, há sinais de que a retração econômica pode ser menor do que a que se desenhava há algumas semanas. “O choque que a gente esperava em março parece que pode se transformar num choque mais curto ou menos longo, melhor dizendo, do que imaginava”, afirmou.

O Copom, hoje, projeta inflação de 3,2% para 2021, abaixo do centro da meta, que é de 3,75%. Porém, essa projeção pode ser puxada para cima, caso a retomada econômica ocorra de forma mais acelerada, como acredita o BC. Mas, também, pode ir para baixo, se essa recuperação perder força, como os analistas sugerem. “A gente vai precisar fazer essa avaliação na próxima reunião, para projetar a inflação de 2021”, disse Serra.

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