Economia

Taxa de desemprego não deve diminuir tão cedo, avaliam especialistas

Segundo os analistas, a taxa de desemprego deve saltar dos atuais 12,4% para quase 16% em 2020

Correio Braziliense
postado em 29/07/2020 06:00
ilustração de homem sobre carteira de trabalhoApesar da surpresa positiva do Caged de junho, ainda não é possível esperar um alívio no desemprego. Especialistas explicam que o mercado pode até parar de destruir vagas, mas não vai ter força para reabsorver todos os que foram demitidos nos últimos meses, já que a recuperação econômica vai ser lenta. E ainda preveem um aumento da taxa de desemprego quando o distanciamento social e o auxílio emergencial chegarem ao fim. Por isso, dizem que, no fim do ano, o saldo do emprego ainda será negativo

“Tivemos dados melhores que o esperado em junho, mas o resultado acumulado no primeiro semestre ainda é o pior da história”, lembrou a economista da Coface para a América Latina, Patrícia Krause. Ela acrescentou que, apesar do alívio observado nos indicadores econômicos de maio e junho, a recuperação deve ser lenta e rodeada de incertezas. E isso não deve estimular um grande número de contratações nos próximos meses, fazendo com que muitos trabalhadores não consigam voltar a suas ocupações. “O mercado de trabalho é o último a se acomodar em uma crise. Por isso, o problema ainda não está resolvido”, reforçou o economista do Insper, Fábio Astrauskas.

Além disso, os economistas ainda enxergam alguns fatores de risco a curto prazo. Os principais são o fim do auxílio emergencial e o fim do distanciamento social, já que, devido a essas medidas, muitos desocupados ainda não estão à procura de uma vaga e, por isso, não pressionam a taxa de desemprego. “Quando isso acabar, as pessoas vão voltar a procurar trabalho, o que vai manter a taxa de desemprego em alta nos próximos meses”, explicou Patrícia.

Ainda há uma preocupação com o fim dos 15 milhões de acordos de suspensão e redução salarial, possibilitados pela Media Provisória nº 936. “Com o fim das reduções salariais, os empresários terão que adequar a folha salarial para um nível de faturamento menor. Então, haverá demissões”, previu Astrauskas. 

Medidas

Segundo os analistas, a taxa de desemprego deve saltar dos atuais 12,4% para quase 16% em 2020. O governo, porém, não acredita em um aumento do desemprego após o fim dos acordos de redução salarial, já que a MP 936 prevê certa estabilidade para os trabalhadores. Porém, reconhece que, apesar da melhora no Caged, a desocupação ainda deve subir devido às restrições à circulação urbana imposta pela covid-19. Por isso, promete anunciar em breve um programa focado na preservação e na geração de empregos no pós-pandemia.

“Nos próximos dias, serão lançadas medidas fundamentais para o incremento do emprego, para a geração de postos de trabalho, para que possamos entrar nessa nova fase (o pós-pandemia)”, adiantou o secretário Bruno Bianco, sem dar detalhes.

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