Correio Braziliense
postado em 29/07/2020 04:15
Os maiores bancos privados brasileiros estão mais otimistas do que o governo em relação ao tombo do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O Bradesco reviu a estimativa de retração da economia neste ano de 5,9% para 4,5%. A explicação, de acordo com o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, é que os dados de atividade e de confiança continuam surpreendendo positivamente tanto no Brasil quanto no exterior no meio da recessão global provocada pela covid-19.
Ele destacou que a reabertura das atividades no país contribuiu para a melhora dos indicadores de junho e de julho, e apontou como exemplo, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registrou o fechamento de quase 11 mil vagas em junho. “A previsão era de uma destruição de empregos muito maior, a exemplo do que ocorreu em maio, mas os dados mostram uma flexibilidade no mercado de trabalho que é resultado da reforma trabalhista, pois os informais é que foram de fato mais afetados do que os formais nessa crise”, disse Honorato ao Correio.
O economista destacou que os pacotes de socorro dos governos nacionais e internacionais também contribuíram para a melhora das estimativas, porque estão ajudando a reduzir o impacto da crise. A estabilização no ritmo de contágio pelo novo coronavírus também contribui para a melhora das estimativas, apesar de o número de mortes ainda estar em um patamar elevado.
Honorato reconhece, contudo, que as novas previsões do Bradesco não consideram uma segunda onda de disseminação da covid-19. “Se houver uma piora no cenário, com novo fechamento das atividades, não tem jeito. A nossa previsão já era”, afirmou. "Estamos confiantes, mas ainda tem muita água para rolar.”
Pelas projeções do Bradesco, o PIB brasileiro deverá registrar queda de 10% no segundo trimestre, e apresentar recuperação de 7% a 8% no terceiro, mas não aponta que curva de retomada será em forma de "V". “O processo vai ser lento e o patamar pré-crise só vai ser recuperado no segundo semestre de 2021”, explicou. Para o próximo ano, a projeção de expansão do PIB é de 3,5%.
No início do mês, o Itaú Unibanco manteve a previsão de queda de 4,5% no PIB, por considerar que o fundo do poço da atividade ocorreu em abril. O Ministério da Economia também sua projeção, de recuo de 4,7%.
Enquanto isso, a mediana das expectativas do mercado foi revisada para cima pela quarta semana consecutiva, passando agora para 5,95%, conforme dados do boletim Focus, do Banco Central. O banco suíço UBS revisou, na semana passada a previsão de queda do PIB brasileiro de 7,5% para 5,5%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI), que sempre fazia estimativas melhores do que as do mercado, passou a ser o mais pessimista ao prever retração de 9,1% no PIB brasileiro neste ano. “O FMI tem uma credibilidade enorme e eles sempre foram mais otimistas. A rigor, não é a estimativa mais provável, mas ela não pode ser ignorada no caso de uma segunda onda de contágio”, destacou Honorato.
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