Correio Braziliense
postado em 29/07/2020 04:16
Em meio ao aumento das incertezas devido à recessão provocada pela pandemia da covid-19, a saída de investidores estrangeiros do país bateu recorde no primeiro semestre, conforme dados do Banco Central (BC). O volume de saída de capital estrangeiro do mercado de ações e de títulos públicos somou US$ 31,3 bilhões, o pior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1995.
“É a maior saída desde 1995, no acumulado do semestre. Mas precisamos entender o movimento, porque o maior volume se concentra, em março, de US$ 22,2 bilhões, e está muito relacionado às incertezas do momento anterior ao período mais agudo da crise”, destacou Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC. Em junho, o saldo de investimentos em carteira no país ficou positivo em US$ 2,4 bilhões.
Apesar da saída de capitais pela chamada conta financeira, o país reduziu o deficit na conta corrente do balanço de pagamentos, que registra as transações comerciais, de serviços e rendas do país com o exterior.
No primeiro semestre, o deficit em transações correntes somou US$ 9,7 bilhões, uma queda de 80% em relação aos US$ 49,5 bilhões do mesmo período do ano passado. Em junho, o país registrou superavit de US$ 2,2 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos, revertendo o saldo negativo de US$ 2,7 bilhões em 2019.
Esses números, no entanto, refletem a retração da economia, que, entre outros efeitos, provocou forte queda nas importações. De acordo com as estimativas mais recentes do BC, as contas externas devem terminar esse ano com saldo deficit de US$ 13,9 bilhões, valor muito inferior aos US$ 41 bilhões previstos em março.
“A conta corrente vai continuar melhorando, exclusivamente, por causa do efeito da recessão sobre o comércio e a lucratividade das empresas. A conta financeira, por sua vez, é um bom indicador da confiança do estrangeiro no país”, destacou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves ao citar a saída de investidores do mercado de ações e títulos.
Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, considerou a dinâmica saldo das transações correntes brasileira favorável, mas frisou que a melhora tem sido reflexo de um “ajuste cíclico” pela fraca demanda doméstica. Contudo, ele reforçou a necessidade de um ajuste fiscal para facilitar um “ajuste estrutural permanente” na conta-corrente do país”. Ele lembrou que, apesar de positivo, o saldo de US$ 2,2 bilhões no balanço de transações correntes, em junho, ficou abaixo do superavit esperado pelo mercado, de US$ 3,8 bilhões.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.