Apesar de a taxa básica de juros (Selic) estar no menor patamar da história, de 2,25% ao ano, resultado de um ciclo de cortes iniciado em julho de 2019, os juros cobrados pelas instituições financeiras no cartão de crédito continuam acima das taxas aplicadas no fim de 2018, mesmo registrando queda desde abril.
Conforme dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (29/7), em junho, a taxa média no rotativo total ficou em 300,3% ao ano, patamar acima do registrado em dezembro de 2018, de 285,7% anuais. O dado é praticamente o mesmo de junho de 2019, de 300,2% ao ano. Já em relação a maio, houve uma redução de 4,7 pontos percentuais e, no acumulado do ano, o recuo foi de 18,5 pontos percentuais.
Enquanto isso, as taxas de juros do cheque especial para pessoa física também continuam elevadas, mesmo registrando redução desde abril após registrar estabilidade entre fevereiro e março. Na comparação com maio, o recuo de junho foi de 5,9 pontos percentuais, passando de 116,1% para 110,2% ao ano. No ano, a queda foi de 137,4 pontos percentuais.
O relatório do BC indica que os juros médios de empréstimos para a aquisição de veículos tiveram queda de apenas 0,5 ponto percentual em relação a maio, para 19% ao ano.
A média das taxas de juros no mercado financeiro para pessoas físicas ficou em 40,8% ao ano em junho, dado 2,1 ponto percentual abaixo do registrado no mês anterior. No crédito consignado, o custo passou de 20% ao ano, em maio, para 19,6% anuais, em junho.
O spread bancário, que inclui despesas operacionais e a margem de lucro dos bancos nos empréstimos, registrou queda no mês passado. A taxa média da margem do sistema financeiro passou de 16,5 para 15,6 pontos percentuais, redução de 0,9 ponto percentual, segundo os dados do BC. Enquanto isso, a taxa de inadimplência total reduziu de 3,2% para 2,9% entre maio e junho.
Concessões crescem
O saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 3,6 trilhões em junho, crescimento de 0,8% no mês, com acréscimos de 1% na carteira de pessoas jurídicas (saldo de R$1,6 trilhão) e de 0,7% na de pessoas físicas (R$ 2 trilhões). Em doze meses, o avanço da carteira total foi de 9,8%, estimulado pelas operações com empresas, que aumentaram 11,5%, superando a expansão com pessoas físicas, de 8,5%, informou o BC.
Conforme dados do relatório, o saldo do crédito livre a pessoas físicas totalizou R$ 1,1 trilhão, com elevações de 0,6%, no mês, e de 8,9%, em 12 meses, sobressaindo cartão de crédito à vista e consignado. Os financiamentos de veículos, embora com saldo praticamente estável, apresentaram crescimento expressivo nas concessões do mês, 44,8%.
No crédito direcionado, que engloba os empréstimos com juros subsidiados de bancos públicos, a carteira de pessoas jurídicas avançou 1,7% no mês, para somando R$ 575 bilhões. No mês, segundo o Banco Central, essa alta na variação do mês acabou sendo puxada pelas operações do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), instituído pela Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020.
Contudo, essa carteira ainda registra queda 3,6% na comparação com junho de 2019. O saldo com pessoas físicas do crédito direcionado alcançou R$ 935 bilhões, com expansões de 0,8%, no mês, e de 8,1%, em 12 meses. Na carteira imobiliária, houve aumento de 25,1% nas contratações em junho.
De acordo com os dados do BC, o estoque no mercado de crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$11,1 trilhões (153,8% do PIB), aumentando 1,8% no mês de junho. Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 14,5%, resultado dos aumentos na dívida externa, títulos de dívida e empréstimos e financiamentos, respectivamente, segundo o relatório.
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