Economia

Banco Central pede crédito de R$ 113 milhões para produzir notas de R$ 200

Segundo o BC, esse recurso será usado para a emissão das 450 milhões de cédulas de R$ 200 e também para a emissão de mais 170 milhões de cédulas de R$ 100

Correio Braziliense
postado em 29/07/2020 19:06
Prédio do Banco CentralO Banco Central (BC) vai produzir 450 milhões de notas de R$ 200, o que equivale a um montante de R$ 90 bilhões. Por isso, precisou pedir um crédito de R$ 113,4 milhões para o Conselho Monetário Nacional (CMN) para viabilizar a emissão da nova cédula.

Segundo o BC, esse recurso será usado para a emissão das 450 milhões de cédulas de R$ 200 e também para a emissão de mais 170 milhões de cédulas de R$ 100. Porém, todo esse dinheiro não vai entrar em circulação de uma única vez. 

A ideia é que as novas cédulas sejam liberadas de acordo com a demanda da população por papel-moeda. E o BC ainda não definiu quanto das cédulas de R$ 200 serão liberadas logo no fim de agosto. "Vai depender da demanda por numerário no momento", disse a diretora de Administração do BC, Carolina Assis Barros.

Essa demanda, contudo, subiu bastante durante a pandemia do novo coronavírus. Dados do BC apresentados nesta quarta-feira (29/07) explicam que os brasileiros já ampliaram em cerca de R$ 61 bilhões o volume de recursos que é mantido em casa, como uma reserva de emergência, diante desse momento de incerteza. Por isso, a demanda por numerário e o meio circulante bateram recorde em julho.

Carolina Barros admitiu, por sinal, que a criação da cédula de R$ 200 é uma resposta a esse aumento de demanda por papel-moeda. "O BC observou efeitos de entesouramento trazidos pela pandemia e não sabe por quanto tempo isso vai perdurar. Quando soma os efeitos do entesouramento à importância que o dinheiro possui na nossa sociedade, porque o dinheiro ainda é a base das nossas transações, o BC entende que o momento é oportuno para o lançamento dessa. É o BC agindo preventivamente para um possível aumento da demanda por numerário por parte da população", afirmou.

A diretora não deu detalhes sobre a escolha desse valor de R$ 200, que é superior às demais cédulas existentes no país. Mas ressaltou que, com isso, o BC "vai conseguir reduzir o custo de logística e distribuição do numerário pelo país". Por isso, garantiu que a nota de R$ 200 surgiu por conta desse momento atípico, mas não será retirada de circulação após a pandemia. "É uma denominação que veio para ficar", cravou.

Preocupações

A criação de uma cédula de R$ 200 gerou receios de que essa nota, por ter um valor superior às demais, facilitasse a corrupção e desvalorização do Real. Mas o BC rebateu essas preocupações, assim como garantiu que a cédula terá instrumentos de segurança capazes de combater a falsificação.

"Temos um arcabouço de prevenção e lavagem de dinheiro bastante avançado, que não é dependente apenas do valor da cédula", retrucou Carolina, sobre a questão da corrupção. Ela também disse que "não há relação entre a colocação da nova cédula no mercado e a desvalorização do Real". "Estamos um país que se vale de um sistema de metas para combater a inflação. Nesse momento, a inflação é baixa, estável, as expectativas estão ancoradas. Então, o que a gente tem é tão somente o BC agindo preventivamente, pois a população pode vir a demandar mais numerário", assegurou.

A diretora do BC também garantiu que a nova nota "não concorre com o uso de meios de pagamento digital", que segue crescendo no país, apesar do aumento do entesouramento - tanto que o BC pretende lançar um sistema de pagamentos instantâneos, o PIX, em novembro. Ela explicou que o BC tem o papel de atender a demanda por papel-moeda, que cresceu na pandemia. Porém, também pode fazer ajustes no meio circulante quando essa demanda reduzir.

"À medida que o uso dos meios digitais se intensifica, o BC observa a demanda e vai retirando o dinheiro de circulação. O dinheiro tem um ciclo de vida. Então, quando o BC entender que a demanda por meio circulante não existe mais, vai fazer um ajuste gradual", avisou Carolina.

Nova cédula

A criação de mais essa nota foi autorizada nesta quarta-feira (29/07) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com o Banco Central, as novas cédulas estão em "fase final de testes" e devem entrar em circulação no fim de agosto. A autoridade monetária, contudo, ainda não apresentou imagens da nova nota do Real - o que instigou a curiosidade de brasileiros e gerou diversos memes na internet.

"É boa prática internacional dos Bancos Centrais só revelar as características e os elementos [das novas cédulas] no dia do lançamento, tendo em vista a questão da segurança", explicou a diretora de administração do BC, Carolina de Assis Barros.
 

Saiba Mais

Ela antecipou, contudo, que a cédula dos R$ 200 será estampada pela imagem do lobo-guará. Isso porque as notas do Real sempre são estampadas pela esfinge da República e por um animal da fauna brasileira. E o lobo-guará foi apontado pela população, em pesquisa realizada pelo BC em 2002, como um dos animais ameaçados de extinção que deveriam ser representados pela moeda. "O primeiro lugar foi a tartaruga marinha, que utilizamos na cédula de R$ 2. Depois foi o mico-leão-dourado, que utilizamos na cédula de R$ 20 e depois o lobo-guará", contou Carolina.

Além disso, a diretora do BC garantiu que, "assim com as demais cédulas de real, a cédula de R$ 200 tem elementos robustos o bastante de segurança, capazes de protegê-las de falsificação". Afinal, "quanto maior o valor, maior é a preocupação do BC". Por conta disso, o BC também vai lançar uma campanha de conscientização sobre os elementos se segurança que protegem o Real da falsificação no dia de lançamento da nova nota. 

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