Correio Braziliense
postado em 01/08/2020 07:00
Mesmo com medo do contágio pelo novo coronavírus nos ônibus que precisa pegar para chegar ao emprego, a assistente de atendimento Lídia Roriz, de 32 anos, já voltou ao trabalho presencial. E ela não é a única a ter deixado o home office para trás recentemente. É que, com a flexibilização do isolamento social, tem caído o número de pessoas trabalhando de forma remota.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,5% da força de trabalho brasileira ficou em home office durante a pandemia de covid-19. Porém, o indicador começou a cair com a reabertura das atividades econômicas. Só na segunda semana de julho, o número dos que estavam em trabalho remoto caiu de 8,86 milhões para 8,2 milhões, redução de 11,6%.
“É a primeira queda significativa nesse grupo, desde o início de maio”, comentou a coordenadora da Pnad Covid19 do IBGE, Maria Lúcia Vieira, que também observou um recuo no número de pessoas que estavam temporariamente afastadas do trabalho devido à pandemia, de 8,3 milhões para 7 milhões de trabalhadores. “O distanciamento social vem deixando de ser motivo para o afastamento das pessoas do trabalho”, concluiu.
A constatação do IBGE, contudo, pegou muita gente de surpresa, já que várias empresas e até o serviço público decidiram manter o trabalho remoto mesmo após a flexibilização. A queda, segundo especialistas, explica-se pelas competências exigidas pelo home office. Para trabalhar em casa, é preciso ter acesso à internet, equipamentos adequados e certa qualificação profissional. Além disso, alguns serviços não podem ser exercidos de forma remota.
Lídia, por exemplo, adotou o home office, mas admite que alguns serviços do cartório onde trabalha não puderam ser levados para casa e pararam na quarentena. “A gente tem medo, mas o trabalho em casa não é a mesma coisa”, explicou.
“O emprego formal e os empregos que exigem escolaridade mais alta são os que mais conseguem se adaptar ao home office”, afirmou o economista do Ibre/FGV Rodolpho Tobler. “O home office bateu 84% nas atividades administrativas, mas foi de apenas 20% nas atividades operacionais”, observou.
Segundo a Pnad Covid-19, a maior parte dos brasileiros que aderiu ao home office trabalha na administração pública, na educação e nos serviços sociais (44,4%) ou em serviços de informação, comunicação, atividades financeiras e administrativas (25,9%). Já nos setores que dependem mais da mão de obra ou do contato com o público, como a construção (1,6%) e o transporte (1,1%), essa adesão foi baixa.
Por isso, o home office também é mais comum entre os trabalhadores formais (85%), que têm o ensino superior completo (73%), segundo o IBGE.
Desemprego continua em alta
A taxa de desemprego subiu para 13,1% da força de trabalho na semana de 5 a 11 julho, ante 12,3% na semana anterior, segundo o Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que havia 12,23 milhões de desempregados. Porém, se forem considerados os brasileiros que estão fora da força de trabalho, mas gostariam de se empregar, o total de pessoas sem ocupação chegou a 40,5 milhões. Desde a primeira semana de maio, 2,8 milhões de vagas foram fechadas.
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