Economia

Tripulantes da Latam, que demitirá 2,7 mil, têm até terça para aderir a PDV

Companhia e pilotos, copilotos e funcionários não chegaram a acordo sobre redução permanente de salários

Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 18:26
Aviões da Tam no Aeroporto de BrasíliaTermina nesta terça-feira (4/8) o prazo para que pilotos, copilotos e comissários de bordo da Latam se inscrevam em um plano de demissão voluntária (PDV) anunciado pela empresa aérea na última sexta-feira (31/7). Depois de fracassar na tentativa de negociar a redução permanente dos salários da categoria, a companhia anunciou que vai demitir, "no mínimo", 2,7 mil tripulantes, equivalente a 38% do quadro. 

Enquanto Gol e Azul negociaram com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) uma proposta de redução temporária de salários e jornada até dezembro de 2021, a Latam colocou na mesa uma cláusula que determinava a nulidade do acordo caso a categoria não quisesse negociar uma redução permanente. Quase 90% dos tripulantes disseram não

Foi então que a empresa anunciou as demissões. Caso as adesões fiquem abaixo do que a empresa pretende desligar, os cortes serão feitos entre aqueles que não se inscreverem no PDV. "A empresa abrirá o processo de pedido de demissão voluntária que deverá ocorrer até 4 de agosto, após essa data será iniciado os desligamentos de no mínimo dois mil e setecentos tripulantes", informou a empresa em nota.

Crise gerada pela pandemia

Segundo a companhia, a pandemia da covid-19 representa a maior crise de saúde pública da história e afeta drasticamente toda a indústria mundial da aviação. "A Latam é a maior e mais antiga das três empresas que atuam no Brasil e é a que mais remunera os tripulantes em voos domésticos e internacionais."

A empresa disse ter a necessidade de equiparar seu modelo atual de remuneração às práticas do setor, "haja visto que, historicamente, esta pauta foi objeto de negociação da empresa com o SNA e a atual crise da pandemia torna esta medida ainda mais imprescindível para a Latam". 

"Ficou muito claro para o sindicato no final da negociação que o objetivo da Latam era reduzir permanentemente o salário dos tripulantes. Por outro lado, o objetivo da categoria era garantir os empregos temporariamente por meio de uma redução de salário", disse o presidente da SNA, comandante Ondino Dutra. 

O cenário é complexo para as aéreas no Brasil. Em junho, a demanda por voos no mercado doméstico (medida em passageiros quilômetros pagos) teve queda de 85% na comparação com junho de 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A oferta de voos no mercado doméstico (calculada em assentos/quilômetros ofertados) caiu 83,6% em igual comparação. A ajuda do governo via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda é uma incógnita no setor. A própria participação da Latam no pacote é incerta, uma vez que o braço brasileiro do grupo entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos.

Saiba Mais

Em um primeiro momento, os aeronautas fecharam um acordo com as aéreas que trouxe estabilidade para abril, maio e junho. Com o fim do período, iniciou-se então um novo processo de negociação. No início de junho, a Gol conseguiu aprovação da categoria da sua proposta, que prevê 18 meses de estabilidade com reduções de salários. Do total, 25% dos tripulantes vão ficar com remuneração fixa de 50%, com redução de jornada em igual proporção. Já o restante entrará em um modelo de escalonamento trimestral de cortes na jornada e remuneração de 23% no terceiro trimestre de 2020, chegando a 3% no terceiro trimestre de 2021.

Já a Azul conseguiu o sinal verde dos aeronautas no dia 24 de junho. De forma bruta, a redução de salário será de 45% entre o terceiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, quando o porcentual começa a cair. No quarto trimestre de 2021, a redução na remuneração será de 25%. Considerando a ajuda de custo, as reduções líquidas vão de 23% no terceiro trimestre de 2020 para 3% de queda no quarto trimestre de 2021.

Com informações da Agência Estado

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