Economia

Acaba o prazo de exclusividade da Highline pela operação móvel da Oi

Companhia terá de decidir qual oferta aceitará durante assembleia de credores marcada para este mês. Cade orienta as três concorrentes que deram lance em conjunto a formalizarem a intenção

Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 20:17
Companhia terá de decidir qual oferta aceitará durante assembleia de credores marcada para este mês. Cade orienta as três concorrentes que deram lance em conjunto a formalizarem a intençãoAcaba nesta segunda-feira (3/8) o prazo de exclusividade da Highline, controlada pela gestora norte-americana Digital Colony, para negociar a compra da operação móvel da Oi, prestadora em recuperação judicial e com os ativos à venda. A partir de agora até o leilão, previsto para 2021, a companhia tem de escolher o stalking horse (cavalo perseguidor, na tradução do inglês, que significa o direito de ser o primeiro a fazer um lance e com poder de cobrir a melhor oferta), ou seja, quem terá preferência nas negociações. 

A expectativa do mercado era de que a Oi soltasse um fato relevante nesta segunda-feira, o que ainda (20h15) não aconteceu e pode ocorrer na terça-feira (4/8), antes da abertura do mercado. 

Quando a Highline surgiu na disputa obrigou as três principais concorrentes, Claro, Tim e Vivo, que já tinham feito uma oferta, a aumentarem o lance, para R$ 16,5 bilhões. As três querem fatiar as operações de telefonia móvel da Oi, hoje com 34 milhões de clientes. Como o consórcio fez uma oferta por valor acima do oferecido pela Highline, que tinha exclusividade até esta segunda-feira, ele também passa a fazer parte das negociações. 

Caso se confirme a preferência de venda às três concorrentes, o debate no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode ser mais demorado. O órgão antitruste está orientando as empresas a formalizarem uma pré-notificação de suas intenções com a compra a Oi. Não à toa, a disputa por uma quarta empresa, como a Highline, que já manifestou interesse em comprar as torres da Oi por mais de R$ 1 bilhão, é vista como positiva pelo mercado. 

Segundo Rafael Pistono, especialista em telecomunicações do escritório CTA, o que se ventila é que a Highline tem uma força grande, mesmo que já se tenha comentado nos bastidores que ela teria desistido da corrida pela Oi. “Há quem diga que só entrou para pressionar o preço para cima. Já que as três concorrentes, na primeira oferta, colocaram próximo do valor mínimo”, comentou.

Avançando as negociações com as três grandes operadoras, será preciso olhar os aspectos concorrenciais e regulatórios, explicou Pistono. “Elas usaram a estratégia de fatiar para contornar  a questão no Cade. Mas pode ser que o órgão traga algumas exigências, porque ele avalia também a concentração regional”, destacou. Para ele, é possível que o Cade exija que as empresas abram mão de algumas operações. 

Saiba Mais

O Cade admite complexidade na transação, o que demandaria o uso dos 240 dias previstos na legislação somados à uma prorrogação de 90. Prazo que só começaria a correr após o leilão dos ativos. O processo de uma proposta alternativa ao consórcio das três prestadoras, no entanto, poderia demorar apenas um mês no órgão antitruste. 

Mercado de atacado

A ideia da Highline, conforme especulam especialistas, não seria concorrer como prestadora. “Há uma tendência muito forte das telecom de segmentar um serviço novo, que é ter infraestrutura neutra e fazer cessão para outras empresas”, explicou Pistono. É no que a Oi está focando, por ter a maior infraestrutura do país: vender as operações e “alugar” sua capacidade. “A roupagem do contrato de cessão de infraestrutura desconfigura a prestação de serviço e com isso a carga tributária é reduzida e a margem, ampliada. A InfraCo, criada pela Oi, é isso e a Highline talvez queira operar assim também”, ressaltou. 

A estratégia da Highline pode ser comprar a operação móvel da Oi e, por meio de leilão, vender a carteira de clientes da empresa, alugando as frequências móveis para as companhias do setor. Isso é o que os especialistas têm chamado de “mercado de atacado”. Talvez por isso, as empresas que já atuam no Brasil estejam correndo na frente.


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