Economia

Para Paulo Guedes, congressistas deveriam falar mais de reforma política

Durante audiência pública virtual sobre reforma tributária, ministro da Economia defendeu, inclusive, voto distrital misto

O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou a audiência pública da comissão mista da reforma tributária, realizada nesta quarta-feira (05/08),  para defender uma reforma política, inclusive, voto distrital misto, enquanto era questionado pela demora em enviar as demais reformas estruturantes prometidas quando tomou posse.

“Estamos há anos vendo o problema da reforma política aí, e todo congressista quer falar de economia. Então, eu dou uma sugestão também: falem um pouco da reforma política. Nós tínhamos que estar acelerando as reformas, voto distrital, voto distrital misto; tudo isso aí tem que vir. Senão, a gente fica falando só de economia, quando, na verdade, a gente tem muita coisa para falar sobre política também, assunto que os senhores entendem muito mais do que todo mundo”, defendeu Guedes, durante a audiência pública virtual do colegiado de deputados e senadores. “A gente tem muita coisa para falar de política”, acrescentou ele aos parlamentares.

Na avaliação do ministro, a reforma política ajudaria na transformação do Estado brasileiro. “A gente tem que mandar o recurso para estados e municípios e, ao mesmo tempo, tem que aumentar a representatividade. Esses recursos vão lá para a base, e a base vota no distrito, por exemplo”, defendeu. Ele elogiou o modelo de criação de subprefeituras criado pelo ex-prefeito do Rio Cesar Maia e citou como exemplo para que os recursos sejam da União redistribuídos com volume maior para as prefeituras, que são a base da pirâmide e precisam investir mais em saúde, educação e segurança pública.  

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Nesse sentido, ele defendeu o pacto federativo e que a privatizações sejam aceleradas. “Ao mesmo tempo a gente privatiza para tirar o Estado da área empresarial, na qual ele não trabalha bem. Houve muita corrupção nas empresas estatais, e isso desvirtuou a democracia brasileira. Elas viram aparelhos políticos, viram uma disputa por recursos... Não interessa a ninguém”, afirmou ele citando que esses escândalos também não interessam à classe política.

Reforma administrativa


A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), inclusive, afirmou que a reforma administrativa deveria caminhar junto com a tributária, sugestão que Guedes concordou, mas explicou que a decisão para deixar para depois foi do presidente Jair Bolsonaro, no fim de 2019, quando havia uma convulsão social na América Latina.  Ele contou que o presidente descartou outra reforma no mesmo ano. “Ele disse: Olha, você acabou de fazer uma reforma da previdência e agora já vai fazer outra? Está todo mundo ainda tentando entender o que está acontecendo Aí, começa essa turbulência política por aí. Deixa o pessoal passar o Natal sossegado, oh, ministro! Deixa passar as férias... Voltando, no ano que vem, a gente começa e retoma as reformas”, revelou o ministro. 

De acordo com Guedes, a ideia era apresentar a proposta de reforma administrativa ainda neste ano, após propostas do pacto federativo, da PEC dos Fundos e da PEC emergencial tramitarem no Senado, como havia sido combinado, e com a reforma tributária caminhando em uma comissão mista.  “O presidente não retirou a reforma administrativa neste ano. Foi o coronavírus que perturbou a pauta”, acrescentou.