Economia

Juros em nova mínima

Nono corte consecutivo estabelece novo piso histórico para a taxa Selic: 2% ao ano. Mercado já esperava a decisão, que, segundo o Banco Central, foi motivada pela forte recessão provocada pela pandemia da covid-19

Correio Braziliense
postado em 06/08/2020 04:05

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 2,25% para 2% ao ano, o menor percentual da série histórica, iniciada em 1999. A autoridade monetária, nesse nono corte consecutivo, levou em consideração a retração econômica global causada pela pandemia da covid-19, a maior “desde a Grande Depressão”, e, apesar de alguns sinais de retomada da atividade, assinalou que “o ambiente para as economias emergentes segue desafiador”. A decisão veio dentro das expectativas dos analistas do mercado financeiro.

“Os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos, apesar da recomposição da renda gerada pelos programas de governo. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”, destacou o Copom, em nota. O Banco Central fixa a Selic com base no sistema de metas de inflação. Em 2020, a meta central é de 4%, com a taxa podendo oscilar entre 2,5% e 5,5%. Para 2021, a meta central é de 3,75%, com margem de tolerância de 2,25% a 5,25%.

Ao apontar o cumprimento da meta, o Copom ressaltou que, por um lado, o nível de ociosidade da economia pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. “Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional.” Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco”, admitiu o colegiado.

Além disso, os diversos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda, no combate à pandemia, podem fazer com que “a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos”. Esse conjunto de fatores implica, potencialmente, segundo o BC, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.

Próximos passos

“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, diz a nota.

Assim, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo “ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”, aponta o documento.

Para o economista Vitor Vidal, da XP Investimentos, era previsível que o Copom “fecharia a porta esse ano, mas com um possível aquecimento da atividade econômica, em 2021, com possível subida para 3%”.  Ele destacou que, como a prévia de inflação foi mais baixa que o esperado no IPCA-15 de julho, “a queda dos juros proporciona crédito mais barato e grande estímulo para a economia”.
 
 
 
 

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