Correio Braziliense
postado em 06/08/2020 15:34
As famÃlias brasileiras fizeram mais depósitos do que saques na caderneta de poupança no mês passado, mesmo em um perÃodo marcado por adversidades impostas pela pandemia do coronavÃrus. Dados do Banco Central mostram que, em julho, os depósitos lÃquidos somaram R$ 27,144 bilhões. Este é o maior volume de depósitos lÃquidos para um mês de julho em toda a série histórica, iniciada em 1995.
O mês de julho também foi o quinto consecutivo em que houve registro de depósitos lÃquidos. Em março, quando a pandemia do novo coronavÃrus fez com que o isolamento social se intensificasse, com reflexos sobre a atividade econômica, as famÃlias já haviam depositado R$ 12,169 bilhões lÃquidos na poupança. Em abril, foram R$ 30,459 bilhões. Em maio, R$ 37,201 bilhões. Em junho, R$ 20,534 bilhões.
Esta corrida para a caderneta é justificada pela postura das famÃlias em relação à crise e pelas ações do governo para manter a renda da população.
Nos últimos meses o BC vem citando, por meio de documentos oficiais, que existe o risco de que a pandemia aumente a "poupança precaucional" no Brasil. Em outras palavras, o BC vê o risco de que as famÃlias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentem depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um "colchão" em caso de emergências. Isso é visto com ressalvas, porque mais dinheiro na poupança significa menos consumo - e ainda mais dificuldades para as empresas brasileiras.
O pagamento do auxÃlio emergencial à população de baixa renda, no valor de R$ 600, é outro fator que contribuiu para o aumento dos depósitos na poupança nos últimos meses. Os depósitos começaram a ser feitos em 9 de abril e parte deles segue depositado na poupança, por precaução.
Os números de julho mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 292,303 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 265,159 bilhões. Com isso, chegou-se à captação lÃquida de R$ 27,144 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 1,887 bilhão de julho, o saldo total da poupança atingiu R$ 972,669 bilhões no mês passado. No ano até julho, a poupança acumulou depósitos lÃquidos de R$ 111,579 bilhões.
Chama a atenção o fato de que a poupança vem sendo recebendo depósitos lÃquidos nos últimos meses a despeito de sua rentabilidade estar cada vez menor. Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros). A Selic, por sua vez, está em 2,00% ao ano, no menor patamar da história. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,4% ao ano - um porcentual que pode nem mesmo compensar a inflação corrente.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.