postado em 15/10/2014 14:28
O diálogo foi a forma encontrada por professores recém-formados para conquistar a confiança e o respeito dos estudantes. A professora de biologia Amanda Rodrigues e o professor de educação física Rafael Duarte começaram a dar aulas este ano, ambos no ensino fundamental. Para eles, conhecer os alunos é o segredo para uma boa relação.;Posso estar sendo romântica, mas acho que ter carinho, se dedicar à profissão é ser um bom professor. E ser professor está muito além de chegar ali para escrever na lousa. É saber identificar se está tudo bem, até que ponto posso ir, ter um olhar diferenciado tanto para cada turma quanto para cada um;, diz Amanda.
Ela tem 24 anos, ;com cara de 21;, como descreve. Desde março deste ano leciona biologia para alunos do 6; ao 9; ano do Colégio do Sol, escola particular no Lago Norte, em Brasília. ;Sou muito aberta, os alunos vêm conversar sobre a aula, sobre sexualidade;. A professora diz que se dedica à escola praticamente de segunda a segunda. ;Sempre estou lendo, buscando coisas novas para levar a eles, procuro não ficar presa ao livro;, conta Amanda.
[SAIBAMAIS]Com 23 anos, Rafael Duarte está na sala de aula há três meses, no 7; ano do Centro de Ensino Fundamental 03 do Gama, escola pública do Distrito Federal. ;Dar aula é bem diferente do que se aprende na universidade, é mais pesado e mais difícil. A universidade não te prepara para a realidade que encontra em sala de aula;, diz. O professor busca, por meio de aulas práticas e teóricas, unir esporte com princípios como respeito e companheirismo.
Rafael, que trabalha com jovens da faixa etária de 12 a 14 anos, acredita que para uma boa aula é preciso diálogo, ;e o diálogo tem que estar inserido na realidade deles. Se vamos trabalhar dança, por exemplo, tenho que buscar as músicas que eles escutam;. É também preciso ter jogo de cintura, nem sempre o que funciona em uma turma funciona na outra, acrescenta.
Na escola, os dois professores esbarraram em dificuldades que vão além da relação com os estudantes. Segundo Amanda, o currículo obrigatório restringe a criatividade e até mesmo o tempo. ;Há muita coisa que desestimula. A educação é muito quadradinha;, diz. ;Os professores têm muita coisa para cumprir;, observa. Ela tenta sair um pouco da rotina e, se está chato, tenta chamar a atenção dos estudantes. ;Talvez por ser início de carreira;, pondera.
Rafael, que para a prática esportiva precisa de quadra, bola e outros materiais, esbarrou na falta de estrutura, coisa que não viveu no estágio. Além disso, tem o desafio de lidar com alunos munidos de smartphones e outras tecnologias. ;É preciso saber usar essa tecnologia para aproximar o aluno de forma educativa;, comenta.