2013 Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro

"Cheia de desejo, Shelly usa o corpo para conseguir o que quer", diz Nash Laila

A atriz contou, em entrevista ao Correio, detalhes da personagem de Amor, plástico e barulho e um pouco mais sobre a sua carreira

postado em 22/09/2013 16:45

Cena do filme Amor, plástico e barulho

Ainda em evidência, pela repercussão do longa Tatuagem (de Hilton Lacerda) no último Festival de Gramado, a atriz pernambucana Nash Laila convive com o frescor da receptividade sentida com mais um filme ; Amor, plástico e barulho, exibido no 46; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O trabalho de expressão corporal é manifesto, ao abraçar a personagem Shelly, artista iludida com o êxito no mundo do brega. "Cheia de desejo, Shelly usa o corpo para conseguir o que quer. Ela mantém uma trajetória algo distante de Jéssica (personagem de Maeve Jinkings)", analisa a atriz que debuta na relação com o público local.

Nash, que estreou no cinema aos 18 anos em Deserto feliz (2005), revela o incômodo com a palavra "carreira", aos 26. A implicância é com os limites que as definições impõem. A jovem leva a metamorfose do ofício para vida pessoal, sem planos muito imediatos. "Tenho muitas vertentes que não poderiam se enquadrar em uma definição. Não sei se sou só de uma linguagem. Não sei se sou somente atriz, acho que sou muitas coisas", afirma.

A atriz, iniciada no teatro aos 13 anos, cursou por três anos a Hipérion Escola de Artes. Foi o longa Deserto feliz (de Paulo Caldas) que abriu as portas para a talentosa atriz que, na época, não pensava em fazer cinema. A oportunidade acirrou o interesse por outros formatos de dramaturgia. "Para mim, com o audiovisual, tudo novo. As descobertas fluíram naturalmente: o peso da personagem de estreia não virou um fardo", conta. Uma estreia polêmica, por conta da carga emocional exigida quando interpretou Jéssica, uma adolescente abusada pelo padrasto que acaba na prostituição.


Cena da peça Cacilda!


Hoje, Nash conta que seus caminhos são impulsionados pelo desejo. O berço foi o teatro, mas não se sente tão à vontade, à frente da plateia, como no início. Com o cinema não houve cisão junto aos palcos. "Sempre procurei fazer as coisas que gosto. Não consigo aspirar algo que esteja longe, no futuro. Mas é uma coisa engraçada, porque, desde sempre, tenho feito as mesmas coisas: é cinema ou é teatro", aponta.

Nos últimos oito anos, embarcou em muitos outros trabalhos no teatro, na televisão e no cinema, fez intercâmbio, faculdade e mudou-se de cidade em 2011. "Quando você é ator por mais que faça muitos trabalhos ainda é pouco. Queria fazer muito mais que teatro. Estava inquieta, por isso me mudei para São Paulo", fala. A inquietação da atriz resulta em uma produção que não para e na dificuldade de separar vida pessoal da profissional.. Nash Laila está em cartaz com a peça Cacilda!!, de José Celso Martinez Corrêa. Até o momento, a carreira se revela apenas de acertos. "Não mudaria nada dos meus trabalhos se pudesse refazer. Tinham a ver com a maturidade da época. É bom ver a própria evolução", analisa, com a habitual tranquilidade .

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