Ainda um sonho

Milhares de afro-americanos marcham e pedem igualdade de direitos

Além de uma homenagem a Martin Luther King Jr., a manifestação teve o cunho de uma cobrança por transformações na sociedade americana

postado em 25/08/2013 07:00

Multidão no National Mall, em Washington: em defesa do emprego e do voto

Multidão no National Mall, em Washington: em defesa do emprego e do voto


;Sem justiça, sem paz;, ;Nós queremos mudança; e ;A mudança precisa ser agora;. Na manhã de sábado (24/8), milhares de afro-americanos ; acompanhados de brancos e de latinos ; marcharam pelas ruas de Washington até o National Mall, uma imensa esplanada situada no centro da capital. Além de uma homenagem a Martin Luther King Jr., a manifestação teve o cunho de uma cobrança por transformações na sociedade americana, incluindo os direitos eleitorais, a questão da segurança urbana, o status dos imigrantes ilegais e os direitos das mulheres. ;Ver tanta gente reunida por um mesmo propósito faz-me sentir muito bem. As pessoas estão determinadas a terem suas vozes ouvidas. Elas querem mudança e a desejam agora;, afirmou ao Correio Brittney S. Carter, 24 anos, moradora de Washington, enquanto participava da marcha. O evento contou com a participação de Martin Luther King III, filho do ativista, do ativista político Al Sharpton e do procurador Eric Holder.

;O sentimento por aqui é de camaradagem, de causas distintas, porém, compartilhadas. Todo o mundo está feliz e clama por mais ação, ao escutar oradores como deputado John Lewis e Sharpton;, relatou à reportagem o escritor Timothy Albert Ridout. Na opinião dele, a marcha pretende ser um recomeço e transmite a mensagem de que ainda há muito trabalho a ser feito. ;O evento é sobre tolerância, sobre a luta pela justiça básica e pela oportunidade igual. Eu o vejo como um chamado à ação;, completa.

Morador do Queens, um bairro de Nova York, o universitário Andrew Nuñez, 20 anos, não é afro-americano, mas decidiu participar da marcha de ontem por várias razões. ;A mais óbvia é para comemorar o legal de Martin Luther King Jr. Mas a mais importante está no fato de que o racismo segue penetrante nos Estados Unidos. Temos leis que permitem uma política de comunidades de cor. Nossa Imigração explora trabalhadores não documentados;, comentou, pela internet. Ele considera King uma pessoa exemplar. ;Eu quero seguir lutando para que seu sonho seja realizado;, disse Nuñez.

Trayvon Martin


Em um dos momentos mais simbólicos da marcha, a mãe de Trayvon Martin ; jovem afro-americano de 17 anos assassinado pelo vigilante branco George Zimmerman, em 26 de fevereiro ; subiu ao palanque e fez uma rápida, porém emocionante, declaração. ;Trayvon Martin era meu filho. Mas ele não é apenas meu filho. Ele é o filho de todos nós, e temos de lutar pelas nossas crianças;, disse Sabrina Fulton. Por sua vez, Sharpton lembrou o caráter pacífico do discurso de King, meio século atrás. ;Ele não ficou aqui e expressou o ódio. Ele disse, no rosto daqueles que o queriam morto: ;Não importa o que fizerem, eu posso sonhar acima do que você fizer;;, comentou o ativista e reverendo. (RC)

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