Aniversario de Ceilandia

Projeto de cinema provoca mudança radical em escola

Morador da QNN 23, o cineasta Téo Fissura foi bater à porta do Centro de Educação Fundamental 10 para desenvolver oficinas de cinema com os alunos

Margareth Lourenço - Especial para o Correio
postado em 27/03/2017 06:04

Téo Fissura, cineasta e criador do projeto Cine 23: oficinas abraçadas pelos alunos

O caldeirão cultural, sempre em efervescência na cidade do barril, não para de incentivar o surgimento de novos talentos. O cinema produzido na cidade tem reconhecimento nacional, como com o filme Rap, o canto da Ceilândia e internacional, com Branco sai, negro fica. Essas duas películas do diretor Adirley Queirós têm feito mais e mais gente acreditar que é possível, sim, levar à frente um projeto. E ser vencedor.

Tem sido assim com o produtor cultural Téo Fissura, 40 anos. Este ano, ele pretende inscrever, no Festival de Cinema de Brasília, o filme de média duração, A Lição. O hoje, cineasta, começou como dançarino, montou uma produtora de vídeos até decidir dar um passo mais ousado: partir para o cinema. ;Sempre gostei, mas queria me dedicar a um projeto social;.

Morador da QNN 23, o cineasta foi bater à porta do Centro de Educação Fundamental 10, vizinho à sua casa. O projeto de desenvolver oficinas com os alunos foi abraçado pela diretora da escola, Flávia Hamid Cândido, 47 anos. ;Em uma comunidade carente, onde os pais não podem assumir o custo de aulas extras, tudo que surge para o desenvolvimento dos alunos é bem-vindo;, diz a diretora, entusiasmada com o trabalho que está sendo feito na escola desde o começo de 2016. ;A escola tem que estar com as portas abertas para a comunidade;, sentencia

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Assim, surgiu o Cine 23. Além de envolver cerca de 30 alunos em oficinas de canto, dança e representação, a culminância do projeto foi a gravação do filme A Lição, representado por alunos da escola e da comunidade. Para somar forças na empreitada, Téo convidou o coreógrafo Ribamar Macao, conhecido por trabalhar com as quadrilhas da cidade, e o compositor Léo Maravilha, que também é um dos fundadores da escola de samba Águia Imperial da Ceilândia.

Na visão de Téo, o projeto é de inclusão social: ;A gente passa a oferecer oportunidade, uma nova aprendizagem para jovens que poderiam estar na rua fazendo besteira. Na verdade, extrapola esses limites;. Que o digam as jovens atrizes Ludmilla Rios,17 anos, e Kauany Soares, 16 anos. ;Tudo mudou na minha vida. Aprendi muita coisa e me desenvolvi mais como ser humano;, conta Ludmilla. A experiência vivida também foi significativa para Kauany, que garante: ;Vou continuar, a gente aprende e faz novas amizades;.

O entusiasmo pelos bons resultados também é compartilhado pela diretora, Flávia. ;Depois do Cine 23, temos uma nova escola, com alunos diferenciados pelo trabalho desenvolvido;. O melhor desta história é que ela continua. As inscrições para os projetos deste ano já estão abertas. Téo vai produzir mais dois filmes, um curta e um longa. E, quem quiser participar, é só comparecer aos sábados, à tarde, no CEF 10, ponto de encontro da galera do cinema.

Atitude na Cei

Levar a cultura da paz e atitudes saudáveis como estilo de vida para os jovens da Ceilândia são a base da atuação do Grupo Atitude, organização não governamental (ONG) criada em 1997, por dois Sérgios, o de Cássio e o Luiz Souza. Em eventos que reúnem centenas de participantes, os idealizadores do grupo costumam trabalhar a arte urbana e agora estão focados no projeto Vem pra Cei, posicionando a cidade como destino turístico comunitário. ;Queremos dar visibilidade às ações comunitárias que contribuam para desenvolver o local onde as pessoas vivem;, explica. Este é um dos caminhos para que os ceilandenses se reconheçam como parte do lugar, para que ;tenham o sentimento de pertencimento;, acredita o líder da ONG.

Com quatro rotas, o caminhos ressaltam experiências nas áreas de cultura, esportes, gastronomia e ecologia. No lugar de ser incluído nos roteiros um restaurante badalado, ;farão parte dos circuitos negócios menores, mas com identidade local, os pequenos que fazem a cidade;, explica. A partir dessa iniciativa, a ideia é ter arranjos produtivos locais que ;atraiam a economia solidária;.

Na empreitada, a ONG Atitude já conta com apoio de instituições públicas, de ensino e de empresários locais. O lançamento do Vem pra Cei para a população será nesta segunda, aniversário da cidade. De imediato, serão divulgados 50 pontos dentro das quatro rotas turísticas já traçadas. A partir daí, ao longo deste ano, o projeto começa a ser desenvolvido atraindo turistas tanto da própria cidade quanto das regiões vizinhas. ;Para 2018, queremos lançar para todo o Brasil;, planeja Sergio de Cássio.

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