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Psicóloga cria rede de adoção e promove cidadania no Distrito Federal

Soraya Kátia Pereira preside a Aconchego, Organização da Sociedade Civil (OSC) que desde 1996 ajudou quase 2 mil pais e mães do DF

Augusto Fernandes
postado em 21/04/2019 06:00
Por conta do desejo de ser mãe, Soraya adotou dois filhos e criou uma rede de adoção
A psicóloga Soraya Kátia Pereira, 60 anos, sempre sonhou em ser mãe. Devido a uma atrofia no útero, porém, nunca conseguiu gestar um bebê. Por mais de três décadas, o desejo de ter uma criança para chamar de filha ficou só na imaginação. Isso até ela cogitar a adoção. ;Toda criança tem direito a uma família. Não é porque ela é adotada que ela é menos filha;, defende.
Com essa mentalidade, além de ter se tornado mãe de dois filhos, Soraya levou o debate adiante. O seu objetivo era tentar mudar a forma como a sociedade trata a adoção. ;Os filhos não saem da gente, eles entram. Ser pai ou mãe vai além do que conceber uma criança. O que mais importa é o amor que você vai entregar para aquela vida;, pondera.
Soraya preside a Aconchego, organização da sociedade civil (OSC) que desde 1996 ajudou quase 2 mil pais e mães do Distrito Federal que queriam agregar mais um integrante à família. O foco do grupo é criar uma ponte entre os adultos que buscam um filho e as crianças e adolescentes que vivem em abrigos à espera de uma adoção.
;A nossa missão é voluntária, mas isso não significa que o que fazemos é caridade. Exercemos um direito de cidadania, afinal, estamos devolvendo para a sociedade todos os valores que aprendemos. Investimos em um conhecimento e, agora, queremos dar o melhor àqueles que precisam de ajuda. Isso é emocionante;, salienta.

Rede de apoio

A Aconchego tem psicólogos, assistentes sociais e pedagogos que se revezam para atender às crianças e adolescentes que moram em cinco abrigos da capital. Mensalmente, além de serem convidados a participar de rodas de conversa com adultos que buscam adoção, eles são chamados a relatar atividades com estudantes do ensino médio, para que possam, ao menos por um momento, sentir o que é ter um irmão mais velho.

;Queremos ser referência no desenvolvimento de tecnologias sociais transformadoras que promovam a convivência familiar e comunitária. Estamos aqui para fazer o possível e o impossível. Quando falamos de amor, não podemos medir esforços;, argumenta Soraya.
O amor pela cidade é outro motivo para a luta incessante da psicóloga em levar mais dignidade às crianças e adolescentes relegadas pelos pais biológicos. ;Vim para cá com 14 anos, quando saí de Manaus (AM) com meus pais. Desde então, não me vejo em outro lugar. Fico feliz pela contribuição que dei à cidade. O Aconchego é feito de aconchegos. Todos estão andando na mesma direção, que é garantir os direitos de qualquer criança e adolescente;, destaca.
Assessor-técnico da Vara da Infância e da Juventude do DF, Eustáquio Coutinho diz que Soraya foi uma peça importante para que a adoção deixasse de ser um tabu na comunidade. ;Ela é uma mulher forte e caridosa, que sempre se mostrou à disposição de entender as dificuldades do próximo e arrumar as saídas para resolvê-las. Ela usou toda a sensibilidade feminina para resolver problemas importantes à sociedade, mas que muitos creem que são irrelevantes. Alguém com essa visão merece destaque. Brasília tem muito a agradecer.;

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