Imagine uma república em que vivem cinco amigos. Se a primeira imagem que vem à mente remete a um cenário caótico, prepare-se para mudar de ideia. O contexto é tipicamente juvenil, mas reflete um ambiente bastante familiar. Apesar de terem tido criações diferentes, todos os moradores da casa gostam de música e adoram viver na Asa Norte, justamente por acreditar que a região carrega consigo a cara jovem da cidade. Sem precisar do intermédio de parentes ou superiores, eles se entendem. Dividem as tarefas do lar, os cuidados com uma simpática porquinha-da-índia ; Kiki, a mascote do grupo ; e muitas histórias memoráveis.
[SAIBAMAIS]Ao entrar na casa, que fica no coração de Brasília, quem chega logo esbarra em alguns instrumentos musicais e caixas de som. Nas paredes, de fundo originalmente branco, frases e desenhos feitos a caneta dão o tom. Os moradores do local, que costuma ser ponto de encontro de amigos diariamente, fazem questão de que cada visitante deixe sua marca nos poucos espaços livres que ainda restam nas paredes da sala. O tradicional sofá dá lugar a um banco de carro, um pufe e algumas cadeiras. E é assim, sem grandes cobranças e preocupações materiais, que Mickael Rabello, 23 anos; Pedro Henrique Cacaes, 27; Renan Louzada, 26; Sandro Caldas, 25; e Jean Vinícius, 23, levam a vida.
O espaço é democrático. Agregados, como Matheus Mikuyn, 21, que mora no Lago Sul, mas passa a maior parte do tempo por lá, e Carlos Bezerra, 26, ex-morador e atual frequentador da república, comprovam: o lugar é que nem coração de mãe. Mas a ideia inicial não foi bem assim. Tudo começou quando Pedro, mais conhecido como Cacaes, decidiu morar sozinho. Surpreso com a quantidade de gastos que teve de assumir, decidiu dividir a casa e as despesas com alguns colegas. Para ele, as vantagens de morar com os amigos são muitas. ;Fazemos festas, trazemos bandas para tocar e dormir aqui e vivemos da forma que a gente quer;, diz. Perguntado sobre o maior problema da convivência com outros quatro homens, ele não titubeia: o grande desafio é cuidar da louça. ;Ninguém gosta de lavar, mas, se tem que fazer, não tem jeito, a gente conversa e faz.;
O mineiro Renan chegou à república no fim do ano passado. Veio para a capital por conta do trabalho dos pais, e revela por que gosta de viver em Brasília. ;Aqui, tudo é de fácil acesso. Temos mais qualidade de vida e, especialmente na Asa Norte, estamos ao lado de tudo de que precisamos.; Opinião muito parecida é a do capixaba Mickael, que nasceu em Vitória, mas veio para a capital ainda muito novo, com a mãe. ;Gosto daqui e não pretendo sair. A cidade é muito arborizada e tem o que eu procuro, principalmente porque tenho uma banda aqui e quero levar o projeto para a frente.;
Sobre as brigas, eles garantem: acontecem, como em qualquer família, mas são raras. ;A gente é maduro e se entende. Não há nada que uma boa conversa não resolva;, garante Renan. Para manter a ordem, uma vez por semana, a casa passa por uma faxina geral, sempre com a ajuda de todos. Todas as contas são divididas. Cada um cuida do próprio quarto como quer e paga a sua parte do aluguel, sem grandes problemas.