Os laços sanguíneos transmitem características físicas, temperamentos e também paixões. No caso de Marcelo Ottoni Nepomuceno, 36 anos, e da filha Moara Zolet Nepomuceno, 14, o amor pelo Lago Paranoá também pode ser considerado uma herança genética. Marcelo é um dos fundadores do movimento Ocupe o Lago, focado em ações de preservação e conscientização sobre a importância do espelho d;água para a qualidade de vida na cidade. A iniciativa do pai inspira Moara, que, além de usufruir do lago, quer aprender a explorá-lo ecologicamente e continuar a defendê-lo.
[SAIBAMAIS]O tempo de afastamento do Paranoá foi importante para que Marcelo reconhecesse o potencial de uso do espaço para os moradores da capital federal. Ele nasceu em Brasília, mas a vontade de morar no litoral o levou a Balneário Camboriú, em Santa Catarina. De lá, passou por Santa Cecília, no mesmo estado, onde conheceu a mãe de Moara e viu a filha nascer.
Anos depois, retornou à terra natal. ;Por causa do lago, sinto menos falta do mar;, conta. Segundo Marcelo, da infância dele para a da filha, houve uma mudança profunda na forma como os brasilienses se relacionam com o Paranoá. ;Ele era poluído. Então, não nadávamos lá. Minha mãe, ainda hoje, recomenda não entrarmos na água para não pegar doença. Herança daqueles tempos;, lembra.
Se mergulhar no lago era inviável, andar de caiaque, como Moara fez aos 8 anos de idade, era impensável. No início dos novos tempos, a jovem costumava acompanhar, de barco, os treinos de natação do pai. Hoje, adolescente, diversifica as atividades. ;Faço SUP (stand up paddle) e já pratiquei canoa havaiana. Para mim, a natação é um amor;, descreve.
Por acompanhar as atividades do Ocupe o Lago, Moara também desenvolveu uma preocupação com a conservação do local. ;Todo mundo deveria cuidar do Paranoá da mesma forma como a gente cuida da nossa casa;, argumenta. Ela reconhece os usos múltiplos do espaço. ;É uma paisagem, atende o lazer e os esportes. É meu lugar preferido em Brasília;, garante.