Carlos Marcelo/Estado de Minas
postado em 05/03/2013 06:05
;Nós queremos ação! Acabar com o tédio de Brasília, essa jovem cidade morta! Agitar é a palavra do dia, da hora, do mês!” A capital tinha acabado de completar 20 anos e Renato Manfredini Júnior, tão jovem quanto a cidade, já deixava claro o seu objetivo: injetar energia e poesia nas asas e eixos da capital. Da prancheta ao concreto, porém, é imensa a distância. E, da mesma forma que o projeto de Lucio Costa, abreviado e distorcido pela ditadura militar, jamais foi compreendido e realizado na sua plenitude, o desejo de Renato também nunca foi inteiramente saciado. Em diversos momentos da nossa história, o tédio e o conformismo venceram a arte: descompasso, desperdício.[VIDEO1]
[SAIBAMAIS]O cenário político e social brasileiro foi fundamental para a formação de Renato Russo. Ele cresceu na Brasília dos anos 1970, já controlada pelos militares e mergulhada no que o jornalista Zuenir Ventura chamou à época de ;vazio cultural;; uma cidade que absorvia de forma direta e acachapante essa atmosfera de frustração, desencanto e silêncio reinantes no Brasil. Mesmo fortemente influenciado por referências externas (e não apenas da música), Renato jamais deixou de enxergar o seu país ; e esse foi o primeiro dos motivos que o levaram ao sucesso. Basta ouvir os primeiros versos de Que país é este e Metrópole para perceber que as letras continuam atuais, batendo fundo nos que ainda se indignam com a quantidade de chances desperdiçadas pelos dirigentes da nação.