Paulo Pestana, Especial para o Correio
postado em 05/03/2013 06:05
Havia eletricidade no ar. Brasília era uma cidade acostumada com olhares desconfiados, carteiradas oficiais e opressão nas ruas. Mas desta vez a subversão era de outro tipo ; jovens armados de guitarras, procurando emular um som que muitos só conheciam de ouvir dizer. A ordem era o barulho. O inimigo era o tédio.
Ainda jovem, a cidade já havia conhecido o rock de A Margem, Matuskelas, Biscoito Celeste, O Bueiro, Carência Afetiva e outros grupos que nem sempre duravam mais que um fim de semana. Também já havia passado por Tellah, Gente de Casa, Mel da Terra, Sol da Meia Noite e uma série de bandas das mais variadas vertentes.
[SAIBAMAIS]Desta vez, era diferente. A música era mais crua, ninguém sabia tocar direito e as letras diretas e brutas. A capital da esperança apresentava seus filhos: jovens cansados de esperar. Eles, um pequeno grupo de bem nascidos, mudaram o perfil da cidade. Por um instante, o Brasil esqueceu-se de que sua capital abrigava a burocracia e os conchavos políticos: era a cidadela do rock.