O trânsito estava movimentado próximo à entrada da 704/705 Sul. Os carros andavam lentamente e era possível ouvir o som de buzinas. Ao entrar pela avenida central do endereço, todos entenderam muito bem o motivo de tanto alvoroço. Uma exuberante árvore de ipê-roxo tirava a atenção dos motoristas e roubava a concentração de pedestres, todos em busca do melhor ângulo para o registro de tanta beleza. Apesar de tradicional, a exposição anual dos ipês toca o brasiliense. Enche o coração de energia nova. Colore o cenário da capital federal e orna perfeitamente com a arquitetura da cidade. Diante disso, a partir de hoje, o Correio Braziliense, em parceria com a Rede Globo, lança a campanha: #brasiliacapitaldoipe. Os registros da árvore mais famosa do cerrado serão publicados na internet e farão, na sequência, parte de um caderno especial no Correio e de um vídeo na Globo para inspirar o brasiliense a valorizar o ipê como símbolo da identidade de Brasília.
;De repente, parei. Fiquei maravilhada. Paralisada;, comentou a consultora de gestão Natsuko Cinagava, 65 anos. Ela estava na rua, voltando do atendimento a um cliente, e não resistiu. Dedicou alguns minutos da manhã para gravar no celular a imagem de um ipê-roxo. De longe, admirava a gigantesca árvore. ;Na semana passada, estava no carro com meu marido e vi uma outra muito bonita. Falei para ele parar na hora. Desci e fiz a foto;, lembrou, orgulhosa. ;O ipê faz parte da cidade. Não acho, tenho certeza disso;, comentou. E o encanto não está apenas ao olhar para cima, no contraste entre a cor das flores e o céu de Brasília, mas também ao olhar para o chão, um tapete de flores roxas, em plena seca brasiliense.
Para a empresária Flávia Oliveira, 47, a inspiração vem da história da árvore. ;O ipê, primeiro, perde todas as folhas. Seca tudo para depois florescer novamente, lindo;, comentou. O Distrito Federal tem 200 mil árvores do tipo, de espécies diferentes. Nessa época do ano, é possível encontrar uma perdida entre matos secos em quase todos os lugares. No centro da capital, na Esplanada dos Ministérios, não é diferente. As árvores viram quase um quadro de obra de arte, junto às paisagens monumentais da cidade. A servidora pública federal Kátia Alves de Souza, 30, não perde a oportunidade de admirar um ipê sempre que atravessa o gramado da Esplanada. ;Acho que enfeita esse lugar, deixa bonito e ainda contrasta com o céu e a arquitetura. Mas prefiro os amarelos;, revelou.
A engenheira florestal Roberta Costa e Lima estudou as árvores de Brasília para um trabalho de mestrado. O esforço gerou um livro, o 100 árvores urbanas ; Brasília ; Guia de Campo. Na edição, não poderiam faltar os ipês. Segundo a professora, apesar de a Mangueira ser a árvore em maior quantidade na cidade, o ipê é o que desperta mais afeto nas pessoas. ;É um carinho porque é muito bonito mesmo;, reconheceu Roberta. Duas das curiosidades da planta são a aparição num momento de clima seco e a diferença de cores. A professora explica que tudo faz parte de uma estratégia. ;Todas as plantas trabalham mais ou menos com essa ideia, de evitar uma concorrência muito grande. É uma forma de atrair o polinizador. A arborização de Brasília foi pensada, justamente, assim, para que a cada tempo tenha, pelo menos, uma árvore florescendo;, afirmou.
A campanha #brasiliacapitaldoipe é do Correio e da Rede Globo. Será uma porta para o leitor, o telespectador e toda a população do DF. Por meio da hashtag, do site do Correio e da Globo e dos números de WhatsApp, todos poderão enviar fotos dos ipês. ;É um canal a mais para que as pessoas mostrem, pela sua ótica, uma cidade que se renova a cada ano e a cada florada de ipê. Moro em Brasília há 40 anos e estão cada vez mais bonitos. Isso tem tudo a ver com a autoestima do brasiliense e do orgulho de morar na capital;, explicou Iain Semple, chefe de redação da Globo.
Segundo o diretor de Comercialização e Marketing do Correio, Paulo César Marques, a campanha é uma verdadeira declaração de amor pela cidade. ;É também uma forma de estimular a sociedade a abraçar a árvore como um símbolo da cidade. Há muitos benefícios para todo mundo. Vale a pena nos juntarmos para fazer uma coisa boa para a capital;, completa Paulo César.
Rosa ou roxo?
O dilema é ouvido sempre perto das árvores coloridas. Esse ipê é rosa ou roxo? É roxo. Segundo a engenheira florestal Roberta Costa e Lima, nesta época do ano, entre junho e julho, a espécie da árvore que floresce é a roxa. A rosa aparecerá apenas em agosto. Antes dessa espécie, ainda será possível admirar os ipês-amarelos, entre julho
e agosto, alguns até setembro, e, para fechar o ciclo, os brancos e verdes, até o fim de setembro.
Para saber mais
O ipê-amarelo é encontrado em todas as regiões do Brasil. Em 1961, o então presidente Jânio Quadros declarou o ipê-amarelo, da espécie Tabebuia vellosoi, a Flor Nacional. Desde então, a árvore é símbolo do país. A palavra ipê é de origem tupi e significa árvore cascuda. É um nome popular usado para designar um grupo de nove ou dez espécies de árvores com características semelhantes, que florescem nas cores branca, amarela, rosa, roxa ou lilás. Os amarelos e roxos são plantas mais vigorosas e resistentes e atingem entre 15-18 metros. No caso dos ipês-rosas, a altura fica entre 12-15 metros e os brancos, em torno de 10 metros. De acordo com o tamanho da muda plantada, os ipês de uma forma geral atingem o estágio adulto em aproximadamente dez anos.
Fonte: Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi)/ Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).
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