Caminhos do futuro

Apenas 16% dos candidatos passaram na prova da OAB no ano passado

As últimas seis edições da 1ª fase da OAB tiveram o menor índice de aprovados. Isso questiona a viabilidade da prova e a qualidade dos cursos de direito e da educação, em geral

postado em 27/02/2013 14:15 / atualizado em 16/09/2020 14:47

A advogada Thays Maciel, 23 anos, passou na 8ª edição do exame

Em 15 de dezembro de 2012 foi realizado o 9; Exame de Ordem Unificado. O resultado foi decepcionante: dos 114.763 bacharéis em direito que fizeram a prova, apenas 19.134 ; sendo 1.064 do Distrito Federal ; passaram e seguem para a segunda fase (que ocorre hoje). O percentual, 16,67%, é o mais baixo entre os seis últimos exames. Essa etapa conta com questões objetivas sobre conhecimentos jurídicos. Na seguinte, os candidatos devem escrever uma petição e quatro questões discursivas nas áreas escolhidas: direito administrativo, civil, constitucional, empresarial, penal, do trabalho ou tributário e seu correspondente direito processual.

Para o advogado Maurício Gieseler, que edita o Blog Exame de Ordem (com cerca de 20 mil acessos diários), a última prova foi um pouco mais rigorosa, mas há uma questão mais antiga. ;Esse conhecimento mínimo exigido do advogado é definido pela OAB e pela FGV, responsável pela prova, mas não há um consenso;, aponta.
O secretário-geral adjunto da OAB-DF, Juliano Costa Couto, destaca que o exame é importante, já que muitos profissionais não saem qualificados da faculdade. ;Esse tipo de avaliação deveria ser empregado, inclusive, para outras profissões;, considera. Porém o secretário reconhece que a comunicação entre a OAB e as instituições de ensino superior deve ser mais ampla, para identificar os pontos em que estas precisam melhorar.


A advogada Thays Maciel, 23 anos, passou na 8; edição do exame. Ela acredita que mudanças são necessárias, principalmente no processo de correção da segunda fase. ;Existem respostas padrão e, se você não escreve exatamente aquilo que sai no gabarito, a sua é considerada errada;, observa. Para a bacharel, isso não avalia o aluno, pois é um processo eliminatório.

Quanto aos que não passam na primeira fase, Thays acredita que a responsabilidade é muito mais da faculdade. ;Por isso, passar por um bom estágio faz muita diferença na hora do exame;, opina. Apesar das deficiências, eles ainda consideram que o exame deve existir.

Anos de (des)preparo

Categorizando os cursos de direito de excelência no Brasil, a Ordem criou o Selo OAB em 2011, que entregou os certificados a 89 instituições, sendo duas de Brasília. Maurício Gieseler vê com desconfiança a classificação. ;São levados em conta os resultados do exame da OAB e do Enade, que é uma avaliação sem impacto claro;, argumenta. Juliano Costa Couto admite que nem todas as faculdades e universidades sem selo são ruins e lembra que bons professores e boa instituição não são suficientes. ;A conduta do aluno interfere muito no seu rendimento.;
Os dois advogados concordam, no entanto, que o problema não é só esse. Segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), 38% dos universitários brasileiros são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associa r informações. Ou seja, a maior defasagem ainda está no ensino básico.

Confira dicas do blogueiro Maurício Gieseler sobre a prepararação para a prova:

* Dê a si mesmo um prazo de 4 a 6 meses para se preparar;
* Veja as disciplinas que caem e estude, em especial, legislação;
* Faça um cronograma diário de estudos;
* Resolva questões de provas anteriores e simulados, inclusive para aprender a fazer mais rápido;
* Um cursinho preparatório costuma ser um investimento interessante;
* É necessário fazer um bom planejamento financeiro, pois, seja no cursinho ou estudando por conta (nesse caso, você terá que comprar material), gasta-se algum dinheiro;
* Estabeleça um sistema de revisão depois de estudar todo o conteúdo;
* O controle emocional é muito importante. Nervosismo atrapalha muita gente na hora do exame.
Saiba mais: www.portalexamedeordem.com.br/blog

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