Caminhos do futuro

Especialista dá dicas de como lidar com as escolhas do curso superior ideal

Ingressar em uma universidade é bastante difícil, mas permanecer nela é igualmente desafiador

postado em 27/02/2013 14:17 / atualizado em 16/09/2020 14:44

O estudante Silvio Kazuo

A expansão de vagas em instituições de ensino superior, bem como políticas para entrada em faculdades e universidades fizeram com que o número de ingressantes no ensino superior quase duplicasse nos últimos dez anos. Porém a porcentagem de estudantes que concluem a graduação ainda é pequena. Para se ter ideia, o censo do ensino superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostrou que em 2012 mais de 6,7 milhões de pessoas iniciaram uma graduação. Em compensação, apenas pouco mais de 1 milhão terminou o curso superior.

As razões para desistências nesse período são bastante diversas. A doutora em Psicopedagogia e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Neide de Aquino Noffs aponta alguns aspectos para a evasão de cursos superiores: ;Depois de tanto tempo estudando para o vestibular, o aluno pensa que não precisará mais se dedicar ao estudo. Acha que somente ouvir os professores será suficiente. Assim, as notas tendem a ser baixas e o estudante perde a motivação de seguir no curso;.

Uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília detectou que o índice de desistência na instituição, em 2011, chegava aos 34%, sendo o baixo rendimento o principal motivo de abandono.
Outra causa apresentada pela dra. Neide Noffs é a diferença estrutural entre o ensino médio e a universidade. ;Na escola, os alunos são amplamente monitorados e assistidos, mas, ao chegar na faculdade, se veem com uma autonomia que não possuíam antes. Então, os estudantes têm dificuldades na administração do tempo e acabam se perdendo nos estudos;.
Portanto, segundo a especialista, manter uma rotina de estudos organizada é fundamental para a permanência no ambiente acadêmico.

Diferenças e desilusões

Em alguns casos, a desmotivação é causada pela desilusão com as matérias cursadas. Foi o caso do estudante Silvio Kazuo, 23 anos. O gosto pelas disciplinas de geografia e história e fez com que ele se interessasse pelo curso de relações internacionais. Ao frequentar as primeiras disciplinas, verificou que não era bem o que esperava. ;Achava as matérias muito chatas e teóricas, segui na expectativa de que o curso melhorasse, mas não foi o que aconteceu;. O resultado foi a mudança de curso, após sete semestres completados.

A dica para evitar surpresas no início do curso é pesquisar bem sobre o assunto. Unir aptidões e preferências com conhecimento sobre a área pretendida diminui a possibilidade de desilusão. Testes e orientações vocacionais também podem ajudar na escolha.

Mas em casos semelhantes ao de Silvio a professora Neide Noffs indica que o estudante busque ajuda com orientadores ou veteranos, para saber mais sobre as disciplinas e o mercado de trabalho. Silvio concorda com a especialista. ;Pesquisar sobre o curso ajuda, mas saber da realidade de aulas e da profissão é fundamental para a escolha;.

A pressão exercida por pais também pode prejudicar. Kazuo alega que a influência da família o afetou em sua escolha. ;Não tive uma pressão evidente, mas sempre soube que eles esperavam que fizesse um ;bom curso.;
Dra. Noffs alerta que a pressão de parentes é prejudicial, mas pais devem auxiliar os filhos nas escolhas. ;Conversar sobre o futuro é uma forma de incentivar sonhos profissionais.;

Mudar pode ser a solução
Se mesmo com todas as dicas o estudante decidir pela mudança de curso, não há problema. ;Mudar de curso não deve ser encarado como algo ruim. A experiência de mudança faz parte do processo de amadurecimento e auto-conhecimento;, afirma a dra. Neide Noffs. O estudante Silvio Kazuo é prova disso. Prestou novo vestibular e atualmente está no sexto semestre de comunicação social, na Universidade de Brasília. Quanto ao processo de mudança, Silvio assume que foi difícil. ;Ao ver amigos antigos já com sucesso profissional, há um pouco de arrependimento. Mas quando penso no meu futuro e nas oportunidades que tenho hoje, fico mais tranquilo quanto à minha decisão.;

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