Carnaval 2010

Carnaval em Brasília: brincadeira não tem idade

Muita gente que já passou dos 50 ainda mostra energia de sobra para aproveitar o carnaval e cair na folia. Os mais velhos, porém, precisam tomar alguns cuidados com a saúde, como evitar quedas

postado em 09/02/2010 08:50
Felizbela não pôde defender a Aruc no carnaval do ano passado por causa de dores nas pernas: Em um de seus sambas mais famosos, Dorival Caymmi dá a lição: ;Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé;. Para um grupo de senhores e senhoras, a mensagem do mestre baiano ainda está muito viva. Mesmo depois de brincar vários carnavais, eles não abrem mão de aproveitar o festa de Momo. Com os pés afiados para os vários dias de festa, eles garantem que a idade não atrapalha e que a experiência adquirida com os anos é o principal ingrediente para não fazer feio na avenida. Dona Maria Alice da Silva não perde o sorriso quando o assunto é carnaval. A aposentada de 65 anos há 30 não perde um desfile. Este ano, sairá na ala das baianas da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruziero (Aruc). Segundo ela, nos dias mais próximos à festa é a época do ano em que ela se sente mais forte. ;É na hora do desfile que eu me sinto mais viva, mais tenho vontade de viver, quero continuar saindo todo ano enquanto Deus me der forças;, conta ela, que também é presidente da Associação da Terceira Idade do Riacho Fundo. Nesses 30 anos, Maria Alice já foi passista e já desfilou como destaque de várias escolas de samba. Há 10 anos se tornou baiana, uma ala que exige, além de muito samba no pé, preparo físico para carregar a fantasia, que chega a pesar 10kg. ;O segredo é manter-se sempre sorridente. Eu me considero uma criança realista. Quero ter a força e a alegria de uma criança, mas me manter com um pé na realidade;, brinca com o vigor de quem deu à luz oito filhos. ;Depois de criar uma família inteira, o resto é fácil de enfrentar;, completa. Ela não está sozinha. Percorrendo os barracões das escolas de samba, não é difícil encontrar quem já passou dos 50, mas ainda dá aula de samba para os mais jovens. É o caso de Norberta de Fátima da Costa, 55 anos. Nascida no Maranhão, ela viveu no Rio de Janeiro e, desde 1971, mora no Distrito Federal. ;Deve ser por isso que eu gosto tanto de festa. Nasci com o calor do Nordeste e aprendi a ter o molejo dos cariocas. Aí eu juntei isso tudo e vim para cá;, explica a aposentada, que traz no currículo desfiles pela Mangueira, no carnaval do Rio de Janeiro. Acostumada a defender diferentes agremiações, ela afirma que tem fôlego para todos os dias de festa. ;Nem que eu chegue à quarta-feira de cinzas sem conseguir andar, eu não abro mão dessa festa, de jeito nenhum. Eu boto uma roupa por baixo, para quando acabar de desfilar por uma escola e já trocar de fantasia para começar em outra;, conta. Até quando essa animação vai durar? ;Enquanto as minhas pernas tiverem força, eu não largo o carnaval;, conclui. Para quem prefere uma programação igualmente alegre, mas menos agitada, a opção são os bailes pela cidade. O Centro de Convivência do Idoso do Guará promete para a próxima segunda-feira uma festa democrática e animada. ;Vai ter muito confete e serpentina. Não vamos deixar a festa passar em branco, todos os idosos que estiverem animados podem vir aproveitar com a gente;, explica o diretor do centro, Paulo de Souza. A folia é aberta a todos os idosos e começa às15h. O repertório estará recheado das tradicionais marchinhas de carnaval. ;Estamos preparando o melhor dos carnavais mais tradicionais, para relembrar um tipo de festa que está se perdendo hoje em dia;, completa Souza. Renato Maia, geriatra: Cuidados Para aproveitar o reinado de Momo sem correr riscos é preciso atenção com a saúde. De acordo com o geriatra Renato Maia, autor do livro Decida você como e quanto quer viver, a folia pode ser benéfica para a saúde. ;A participação de idosos no carnaval é sempre bem-vinda, pois é um sinal de vitalidade, de alegria de viver, que são muito importantes para se manter a qualidade de vida;, explica o médico. Alguns cuidados, porém, precisam ser observados. As quedas são o principal perigo na festa, por isso é necessário evitar aglomerações muito intensas e ter cuidado com os sapatos. ;Uma queda que tem poucas consequências para uma pessoa mais jovem pode se transformar num problemão para um idoso;, conta o geriatra. Para quem sofre de alguma doença crônica, como diabetes ou hipertensão, valem os mesmos cuidados do dia a dia. ;Quem tem algum problema de saúde também pode participar, mas deve seguir os mesmos cuidados com remédios e alimentação. O importante é manter a saúde em dia;, completa o médico. Portanto, nada de colocar a vontade de se divertir acima do bem-estar. Lição seguida à risca por Felizbela Maria da Conceição, 66 anos. Há décadas envolvida com o carnaval brasiliense, ela teve, no ano passado, de ficar longe da folia, devido a dores nas pernas que a deixaram impossibilitada de desfilar. ;Eu preferi não me comprometer o ano passado, pois sabia que não conseguiria sambar até o fim do Ceilambódromo. Para não fazer feio, fiquei de fora;, explica. Com a saúde controlada e sem os problemas das pernas, ela estará de volta ao samba em 2010, defendendo também a Aruc. ;Vou tirar o atraso. Já que não saí no ano passado, este ano vou com o dobro de alegria;, completa. <--
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