Irlam Rocha Lima
postado em 12/02/2010 09:54
Salvador - Anunciado com estardalhaço em outdoor, rádio, televisão e jornais de Salvador como o "encontro das divas", os shows de Beyoncé e Ivete Sangalo no Parque de Exposições da capital baiana na noite de quarta-feira foram um megaevento.O público de aproximadamente 50 mil pessoas - de acordo com a produção - deve ser tomado como a festa de abertura de um evento ainda maior: o carnaval soteropolitano, que desde ontem já leva milhares de pessoas às ruas, praças e avenidas, numa frenética celebração.
Pontualíssima, Ivete Sangalo surgiu em cena às 21h e mostrou, desde o começo da apresentação, quando cantou o sucesso Na base do beijo, que queria ter o controle da situação sem se deixar ser superada pela estrela americana. Durante uma hora e meia, ela pôde constatar que jogar em casa com a torcida a favor é vitória na certa. A torcedora do Vitória teve o público ao seu lado o tempo todo. Com a espontaneidade, o carisma e a espirituosidade característicos, fez desfilar repertório de hits que acumulou ao longo da carreira entremeados por comentários irreverentes. Numa das primeiras falas, mandou: "Beyoncé não vai ser a mesma depois desse show em Salvador. Ela vai querer morar aqui e comprar uma casinha em Piripiri (modesto subúrbio da cidade)."
Ivete, como foliã de carteirinha, prestou homenagem aos 60 anos do trio elétrico e 25 de axé- music com os antigos sucessos Prefixo de verão, Baianidade Nagô (Banda Mel) e Maluquete (Chiclete com Banana). E emendou com as lambadas Chorando se foi (versão da mineira-brasiliense Márcia Ferreira), Preta (Beto Barbosa) e Chupa toda, que num outro carnaval ela fez duo com Bono Vox. Despediu-se do palco com Dalila (campeã da folia em 2009), personagem a quem ela chamou de "prima de Beyoncé". Antes de a americana subir ao palco, Ivete teve um encontro com ela nos bastidores, o que não havia ocorrido em São Paulo. O teor da conversa entre ambas, porém, não foi revelado.
Explosão americana
Diana Ross, Madonna, Whitney Houston, Tina Turner e Donna Summer: Beyoncé Giselle Knowles tem um pouquinho de cada uma dessas estrelas que brilham no showbizz norte-americano desde os tempos da gravadora Motown. Ganhadora de seis Grammys na última edição do prêmio, com várias músicas no topo de paradas como a Billboard, a cantora faturou US$ 90 milhões entre 2008 e 2009.
Foi essa superstar que encantou baianos e turistas presentes em massa ao "encontro das divas" na noite de quarta-feira. O que Beyoncé levou para a capital baiana foi exatamente o mesmo show apresentado em sua rápida turnê nacional iniciada em Florianópolis e que prosseguiu pelo Rio de Janeiro e por São Paulo. A cantora, que participou da gravação do clipe de Put in a love song, de Alicia Keys, terça-feira, no morro Dona Marta, no Rio, chegou a Salvador um pouco antes das 18h.
Mesmo iniciando o show da turnê I am%u2026 com uma hora de atraso, ela teve pela frente uma plateia vibrante que a fez sentir-se em casa e que a acompanhou em várias das músicas interpretadas. Algumas delas executadas à exaustão pelas rádios baianas, o que levou Caetano Veloso a reclamar por não poder ouvir música do Psirico, seu grupo de pagode baiano preferido. Aliás, Caetano estava na plateia e contou ao Correio: "Vi o show dela no Rio e achei de extrema competência. Hoje, vim com Moreno (Veloso) e a mulher dele, que não haviam assistido."
Caetano tem razão. Além de impressionante técnica vocal, é uma performance extraordinária que usa o espaço cênico com total familiaridade. Acompanhada pela banda só de mulheres, conta com um grupo de bailarinos responsável por coreografias arrebatadoras. Beyoncé, que abusa da dramaticidade e da extensão vocal, usou 10 figurinos que ajudaram a expor a exuberância do corpo malhado de uma mulher de 28 anos.