postado em 14/02/2010 13:18
Os desfiles das escolas de samba paulistas e fluminenses mostram, todos os anos, o que há de mais moderno e tecnológico entre os conhecidos carros alegóricos. Mecanizados, coloridos e imponentes, nem de longe lembram os corsos que fazem parte das suas origens e que ainda desfilam pelas ruas da capital maranhense.Tradição que veio da Europa para o Brasil em meados de 1620 usando carros de tração animal, o corso foi evoluindo e, no início do século 20, passou a funcionar em caçambas de caminhões, onde os foliões brincavam e participavam do desfile, vendo-o de cima.
Em São Luís, apenas três corsos sobrevivem. Um deles, o Corso da Melhoridade da Madre Deus (a Madre Deus é uma rua do centro da capital que reúne artistas populares), é exclusivo para maiores de 60 anos de idade, como o nome diz. Composto por 40 pessoas, o grupo completa uma década neste ano.
;No mesmo ano em que criamos o grupo de idosos, eu perguntei se não queriam fazer um corso. Elas disseram: ;corso, o que é isso?;. E eu falei que não acreditava que tinha gente mais velha que eu aqui e que não sabia o que era corso. Expliquei, a gente fez. A tradição é todas as senhoras usarem saias longas, coloridas, pandeirinho e cartola. Se não tiver, não é corso;, detalha dona Lurdes Nogueira, dirigente do grupo.
A arteducadora Fátima Pires, que trabalha com idosos há mais de 15 anos em São Luís, estimulou as senhoras a criar o corso. ;Todos os grupos de idosos daqui fazem uma brincadeira durante o carnaval. A Madre Deus não poderia ficar de fora, já que é um bos berços da cultura maranhense, então nós buscamos o corso, que era uma brincadeira que já estava praticamente esquecida;.
Além de reativar a memória do corso nas ruas, mobilizando o grupo de idosos da Madre Deus, Fátima aproveitou o tema para desenvolver pesquisas: sua tese de mestrado foi sobre o corso. Ela relata o momento em que a antiga brincadeira começou a se transformar em carro alegórico.
;Cada corso, [nos anos 60 e 70 do século passado], saía com um tema próprio, escolhido pela comunidade, pelo grupo. Então já era uma alegoria. A partir do momento em que as alegorias passaram a sair às ruas, eles começaram a fazer parte das escolas de samba;.