Agência France-Presse
postado em 15/02/2010 20:20
O carnaval renano, que viveu nesta segunda-feira seu apogeu em Colônia (oeste), é apenas uma sombra do que foi, devido ao mar de fantasias importadas da Ásia que estrangulam a tradição regional.Preparados com esmero, os cem carros com suntuosas decorações do desfile desta "segunda-feira das Rosas" e seus 10.200 participantes fantasiados contrastam com os espectadores, poucos usando trajes feitos artesanalmente.
"Há 50 anos era completamente diferente. Cada um confeccionava seus trajes sozinho", lembra Dieter Tschorn, de 69 anos, porta-voz da seção de carnaval da federação alemã de brinquedos.
Em 2008/2009 foram vendidas 39 milhões de máscaras, perucas e narizes de palhaço na Alemanha, ou seja 19 milhões a mais do que no ano anterior, segundo a federação, que calcula um volume de negócios de 290 milhões de euros.
Mas o mercado e a diversidade não andam de mãos dadas.
Os 3,5 milhões de trajes vendidos não brilham pela sua originalidade, ao se inspirarem em personagens dos últimos sucessos do cinema.
"Com toda a oferta, poucos elaboram suas próprias fantasias. Além disso, quem tem hoje em dia uma máquina de costura em casa?", lamenta Dieter Tschorn.
Como consequência, desde a década de 1990 impera o "made in China" barato, lembra Thorsten Heinrich, de 26 anos, vice-diretor de uma empresa de fantasias de Sarrebruck (sudoeste).
Em Colônia, alguns "loucos" impõem resistência por respeito às tradições.
Stephan Kommer, de 32 anos, se fantasiou de boneco de neve com três enormes luzes brancas de jardim. "Tive esta ideia na semana passada, tem muita neve na minha casa e sou jardineiro", explica.
Harribert Schulmeyer, um cinquentão, e seus amigos se fantasiaram de criadores de pássaros.
"Você ganha em autenticidade quando está bem fantasiado", afirma, ostentando uma pomba de papel machê sobre a cabeça.
Alguns advertem que muitas máscaras de plástico fabricadas na Ásia, como as do presidente norte-americano Barack Obama, muito popular este ano, contêm substâncias tóxicas, inclusive cancerígenas, segundo a Associação Alemã de Consumidores ;ko-Test.
Esse problema não preocupa muito os profissionais do carnaval. "Essas máscaras não são proibidas, respeitam as normas europeias", afirma Thorsten Heinrich.
"É muito difícil verificar todos os componentes de cada produto fabricado na China, isso aumentaria consideravelmente os custos", acrescenta Dieter Tschorn.