Rio de Janeiro ; O volume de latinhas de alumínio coletadas durante o carnaval deste ano no Rio de Janeiro foi cerca de 15% maior do que o registrado no ano passado.
Nos seis dias de folia, desde a última sexta-feira até a Quarta-feira de Cinzas, foram recolhidos 8,5 mil quilos desse material, gerando aproximadamente R$ 17 mil aos catadores. A estimativa é do principal centro de reciclagem do Rio de Janeiro, em São Cristóvão, que recebe, em média, 90% de todos os produtos recolhidos na cidade.
De acordo com o proprietário do estabelecimento, José Roberto Giosa, o incremento desses números contou com o trabalho de catadores que atuaram em blocos carnavalescos, que arrastaram milhares de foliões pelas ruas do Rio.
Por meio de uma parceria inédita entre a Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Tereza e Centro (Sebastiana) e a Federação das Cooperativas de Catadores do Estado do Rio (Febracom), um time de cerca de 200 homens e mulheres mostrou disposição e profissionalismo, correndo atrás dos resíduos deixados por foliões.
Além de garantir renda extra, eles ajudaram a manter a limpeza da cidade e a poupar recursos dos cofres públicos. ;O volume total recolhido evitou a viagem de pelo menos cinco caminhões da companhia de limpeza municipal para levar esse material até os aterros sanitários;, avaliou Giosa.
Ele garante, ainda, que se trata de uma atividade rentável, sendo cada quilo ; cerca de 70 latinhas - vendido por pouco mais de R$ 2.
Além de atuar no carnaval de rua, muitos catadores também ajudaram a manter mais limpa a tradicional festa do sambódromo carioca. Neste caso, o trabalho faz parte de uma parceria entre a prefeitura do Rio, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), a empresa Coca-Cola e as cooperativas de catadores cadastradas na Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).
Ao todo, 60 catadores, de nove cooperativas de diversos pontos do Rio, trabalharam uniformizados no local. Na camisa, a estampa ;Reciclar é ota dez; chamava a atenção do público para a importância da iniciativa.
Segundo a catadora Jaqueline da Silva, que trabalhou no sambódromo junto com o marido, a atividade é pesada, mas garante uma renda que ajuda pagar as despesas da casa.
;É muito cansativo porque a gente sobe e desce as escadas da arquibancada. É lá que tem mais latinhas. Minhas pernas ficaram bem doloridas, mas no fim tem que valer a pena;, contou Jaqueline, que arrecadou R$ 150 na noite de domingo, quando conseguiu recolher o maior volume.
Dados da Associação Brasileira do Alumínio revelam que o Brasil é o país que mais recicla latas no mundo. Em 2009, foram reaproveitadas 12,4 bilhões de unidades. Em geral, esse produto leva 300 anos para se decompor. Dividido em diversas etapas, desde a coleta, passando pela prensagem e pela fundição, o processo de reciclagem consome apenas 5% da energia necessária para a produção do alumínio primário.