Igor Silveira
postado em 07/03/2011 07:16
Foi-se o tempo em que os desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí eram os protagonistas do carnaval no Rio de Janeiro. Os blocos de rua dividem, agora, pelo menos para quem mora fora do estado fluminense, os holofotes como atrações principais da folia. Mesmo com toda a tradição de décadas ; o Cacique de Ramos, por exemplo, comemora 50 anos em 2011 ;, eles nunca atraíram tantas pessoas. Até o Galo da Madrugada, bloco pernambucano considerado o maior do mundo, sucumbiu à boa fase da Cidade Maravilhosa. No último sábado, arrastou 1,6 milhão de foliões contra 2 milhões do Cordão da Bola Preta, que saiu na avenida Rio Branco, Zona Central do Rio.No período momesco, cerca de 450 blocos vão desfilar pelas ruas do Rio de Janeiro e por cidades do interior. E criatividade é o que não falta para atrair o maior número de adeptos. Há blocos para todos os gostos. Desde os que tocam as clássicas marchinhas aos inovadores, que saem com homenagens a cantores populares, como Roberto Carlos e Wando, e a bandas famosas, incluindo os Beatles. Há também os que ganham foliões pelo nome, muitos com duplo sentido: Bagunça o meu coreto, Spanta neném e Quem não guenta bebe água.
A farra dura o dia inteiro. A programação de carnaval de rua traz blocos saindo em vários horários e em diversas regiões do Rio. O administrador de empresas Fábio Gomes, 30 anos, mora em São Paulo e passa o carnaval na capital fluminense pela segunda vez. Na primeira, desfilou em duas escolas de samba na Sapucaí, mas foi embora sem conhecer a animação dos blocos. Ele voltou este ano só para aproveitar a folia das ruas. Ontem, curtiu o Simpatia é quase amor, que puxou 100 mil pessoas em Ipanema, Zona Sul, e iria brincar, ainda, em outros quatro blocos. Outro bloco, o Bangalafumenga levou 50 mil pessoas às ruas do Jardim Botânico.
;Desfilar na Marquês de Sapucaí é muito emocionante, mas passa rápido. Eu só ouvia falar que o bloco era legal, mas ficava impressionado com as escolas de samba, que tinham mais divulgação. Na rua, no entanto, a diversão é maior. Nos blocos, encontramos a verdadeira irreverência do carnaval, com fantasias engraçadas, músicas que empolgam a galera. É outro clima;, conta Gomes.
O grande número de blocos, todavia, também traz alguns transtornos, principalmente, para moradores. Além da confusão no trânsito, por causa de agremiações desfilando em inúmeras ruas das cidades, há reclamações de sujeira e barulho. Até ontem, por exemplo, a operação Choque de Ordem, promovida pela Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) do Rio de Janeiro, havia prendido 519 pessoas que urinavam em vias públicas.