Carnaval2013

Associação dos Blocos vê relação direta entre a anistia política e carnaval

Para a presidente da associação, fim da ditadura militar incentivou foliões a voltarem às ruas para comemorar data

postado em 10/02/2013 16:28
Rio de Janeiro - O aumento do número de blocos no carnaval de rua é um movimento que tem ligação direta com o fim da ditadura militar e a volta ao país dos exilados políticos, que viram neles uma forma legítima de voltar a ganhar as ruas da cidade. A opinião é de Rita Fernandes, presidenta da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Tereza e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a Sebastiana.

A associação é formada por 12 dos principais blocos da cidade: Ansiedade, Gigantes da Lira e Imprensa que eu Gamo, de Laranjeiras; Barbas e o Bloco da Segunda, de Botafogo; Virtual, Simpatia é Quase Amor e Que merda é essa?, de Ipanema; Suvaco do Cristo, do Jardim Botânico ; todos da zona sul da cidade -; Carmelitas, de Santa Teresa, e Escravos da Mauá, da Praça Mauá, todos blocos do centro da cidade.

Em entrevista à Agência Brasil, Rita disse que, embora para muitos pareça um fenômeno recente, a retomada do carnaval de rua começou na década de 1980, com a redemocratização do país, quando os primeiros blocos começaram a sair. ;E aí surgiram os primeiros blocos como o Simpatia é Quase Amor e o Barbas;.

Segundo Rita Fernandes, o movimento ganhou as ruas e não parou mais de crescer. ;O crescimento se deu de tal modo que já no início da década de 2000 devíamos ter cerca de 30 a 40 blocos espalhados pela cidade, alguns pouco conhecidos, mas alguns já com bastante representatividade e que angariavam uma legião de seguidores como o Simpatia e o Bola Preta ; que apesar da ditadura militar nunca deixou de existir;.

Ela chama a atenção para o período de 2005, quando então o carioca começa a reconhecer e a dar a devida importância ao carnaval do Rio. ;A partir daí muitos cariocas começam a ficar na cidade, a participar efetivamente do carnaval de rua e os blocos começam a crescer;.

Segundo a presidenta da Sebastiana a cidade tem hoje cerca de 500 blocos registrados, fora os que não são ainda conhecidos. São pequenos grupos de bairro que saem pelas ruas espontaneamente. ;E isto voltou com tamanha força que hoje a cara do carnaval do Rio é o carnaval de rua, que é mais democrático e não exclui ninguém;.

Para Rita, o movimento gerado a partir da intensificação do carnaval de rua não tem volta. Hoje o movimento já é conhecido por todo o país e atrai turistas brasileiros e estrangeiros. ;Mas é preciso que as autoridades comecem a dar maior atenção à organização desta bagunça organizada, mas ao mesmo tempo ainda desorganizada;.

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Ela defende a intervenção do poder público ;não sob a forma de interveniência no modo de organização dos blocos ou na restrição à sua espontaneidade, mas na organização do Carnaval como um todo: o governo precisa dar maior atenção à organização do trânsito nas ruas, à proteção ao patrimônio público, ao espaço urbano e à segurança do folião;.

Para ela, o Carnaval traz uma imagem positiva para a cidade, mas, ao mesmo tempo, leva à reflexão sobre as ações necessária por parte do poder público. ;A gente vê este sucesso todo com muito orgulho, até porque fazemos e somos parte dele, mas também porque ele teve um início espontâneo, de doação para a cidade, e que acabou tendo este sucesso todo;.

A Sebastiana foi fundada em 2000 por diretores de alguns dos mais tradicionais blocos de rua da cidade e surgiu da necessidade de encontrar soluções que viabilizassem os desfiles que começavam a crescer, alguns com mais de dez mil foliões.

Patrocínios, negociação com fornecedores, estratégia de segurança para os foliões e organização de trânsito eram algumas das dificuldades enfrentadas por todos. A partir dali, a Sebastiana tornou-se um importante agente no resgate da tradição do Carnaval de rua do Rio e também um local de discussão de políticas culturais.

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