Alan Rios*
postado em 07/11/2017 13:02
De repente, ter no currículo um curso de línguas passou de um diferencial para algo essencial. Essa mudança está cada vez mais visível no mercado, que acompanha as mudanças do mundo globalizado e que agora vê outras características como fundamentais. É o caso da internacionalização do currículo, também facilitada pela proximidade simbólica dos países, mas ainda considerada por muitos como um privilégio de pessoas de alta renda.
A boa notícia para quem deseja dar um destaque internacional ao currículo é que são várias as opções de bolsas ; desde aquelas em que são financiados todos os custos da viagem até as que pagam gastos consideráveis. Há também pacotes que permitem ao brasileiro estudar e trabalhar para gerar a própria renda enquanto está fora do país. O caminho para conseguir tais incentivos é outro tópico com muitas alternativas, pois o profissional pode concorrer a bolsas de órgãos de fomento nacionais e internacionais, públicos e privados.
Cláudio Vaz, 52 anos, analisa todas as opções enquanto pensa no próximo pós-doutorado. O vice-diretor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) tem no currículo passagens pelos Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e Israel, todas com bolsas de órgãos brasileiros ; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O professor alerta para o corte de recursos financeiros por que essas instituições estão passando, mas abre o leque de opções. ;É preciso investigar caminhos de órgãos de fomento no exterior também, observando fundações como a Fulbright e a Ford;, exemplifica.
O professor relata que essas experiências fazem com que o profissional se destaque entre tantos outros. Ele dá o caminho das pedras: ;O mercado e o mundo passam a ter uma visão diferente do profissional que sai para fazer uma especialização internacional. E se você tem um projeto inovador, que é o principal, e os links de um contato lá no exterior que aposte no seu projeto, você consegue essa especialização sem precisar ter alta renda;, esclarece.
Networking global
Palavra tão reverenciada no mercado de trabalho, o networking ; a criação de uma corrente de contatos e conexões profissionais ; fica ainda mais valorizado quando se amplia a rede para outros países. Luciana Fernandes Coelho, 31, é a prova de que essa experiência internacional acrescenta tanto para o currículo quanto para a vida. ;Eu tive aulas com os melhores professores do planeta e estabeleci contatos com grandes pesquisadores e juristas do mundo inteiro. Trocamos informações, oportunidades de emprego, tiramos dúvidas... Enfim, estabeleci bons laços;, conta a advogada.
Luciana sempre procurou acrescentar aos seus estudos acadêmicos práticas profissionais. Passou por três formações fora do Brasil e ganhou bolsa do governo alemão na última em que se graduou ; o curso de direito internacional para o direito do mar, em Hamburgo, que ela considera o ponto alto para a carreira na ONG em que trabalha, a Oceana.
;A grande maioria dos cursos tem disponibilidade de bolsas. Você só precisa preencher uma série de requisitos elencados nos editais para conseguir.; No caso do curso em Hamburgo, explica Luciana, os principais pontos a seu favor passaram pela identificação de que ela não poderia arcar com o custos sem um apoio financeiro e pela demonstração de como o curso impactaria na sua trajetória profissional e acadêmica.
A vez da experiência
As agências de intercâmbio têm registrado uma maior procura de gente com o perfil de Luciana Coelho ; já com uma certa experiência no mercado, empregada e sem tempo para viajar por meses ou anos. E elas contam com programas específicos para esse tipo de profissional, como explica Santuza Bicalho, diretora de produtos da Experimento Intercâmbio Cultural. ;Nunca é tarde para fazer um intercâmbio e, se no passado, esse tipo de viagem era mais exclusivo a jovens que tinham disponibilidade para morar de seis meses a um ano no exterior, hoje desperta o interesse de profissionais mais maduros.;
Para Santuza Bicalho, essa mudança é um reflexo das modificações do mercado de trabalho. ;À medida que a competição pelos empregos no Brasil se torna cada vez mais acirrada, a busca pelos cursos profissionalizantes no exterior crescem na mesma intensidade. Principalmente, entre a faixa etária de brasileiros que, no passado, não tiveram tempo ou condições financeiras de ter vivência internacional;, analisa.
Percebendo essas mudanças, as agências de intercâmbio estão sempre criando mais programas voltados para esses profissionais, pensando, principalmente, na dificuldade de tempo. ;Nunca é tarde para fazer um intercâmbio. Hoje, esse tipo de viagens desperta a atenção de profissionais maduros que querem conciliar férias para ter uma vivência internacional focada em sua área de atuação profissional.;
* Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte
Profissionalização e estudo
Caso o intercambista brasileiro não consiga uma bolsa de estudos, ainda pode recorrer às opções de profissionalização que unem um emprego com o curso a ser realizado. Confira algumas opções da Experimento Intercâmbio:
Canadá
; Quem pode trabalhar: brasilerio a partir dos 18 anos que faça no mínimo 14 semanas de curso
; Duração do programa: mínimo de 26 semanas
; Tipo de trabalho: atendimento ao público
; Nível de inglês desejado: básico
; Benefícios do páis: certificado no Diploma in Customer Service; ótimo custo-benefício; diversas datas de início ao longo do ano e com duração de 26, 48, 50, 52 ou 92 semanas.
Austrália
; Quem pode trabalhar: brasileiro a partir dos 18 anos que faça no mínimo 14 semanas de curso
; Duração do programa: mínimo de 14 semanas
; Tipo de trabalho: atendimento ao público
; Nível de inglês desejado: intermediário
; Benefícios do país: retorna ao Brasil com dois certificados; oferece oito opções de cursos profissionalizantes; pagamento de apenas uma taxa de matrícula para os dois cursos; férias de até oito semanas, com possibilidade de trabalho por até 40 horas semanais; sai do Brasil pelo período dos dois programas, eliminando a renovação do visto.