2017

Para o bem e para o mal

Redes sociais extrapolam os limites pessoais e podem até ser decisivas na hora da contratação. Cuidados na hora de publicar fotos e textos, porém, são cruciais para manter bom relacionamento com a empresa

Álef Calado - Especial para o Correio
postado em 07/11/2017 13:00
Pablo Henrique usou a internet para buscar emprego: ele conseguiu ainda negociar salários e aprimorar parte da experiência

As redes sociais ocupam um espaço cada vez maior no dia a dia do brasileiro. Segundo estudo divulgado pela eMarketer, empresa de pesquisa de mercado especializada no universo on-line, o Brasil é o país mais conectado da América Latina, com 93,2 milhões de usuários mensais ativos ; que acessam qualquer plataforma social pelo menos uma vez por mês. O que pouca gente sabe é que as redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, podem ser usadas para mais do que o simples compartilhamento de fotos e vídeos.

Graças ao alcance e à praticidade, as ferramentas também marcam presença na vida profissional do usuário e podem ser até a porta de entrada para um emprego. De acordo com o último levantamento da Pesquisa dos Profissionais Brasileiros, realizada pela Catho, 31,5% dos entrevistados procuram vagas em redes sociais. Uma delas é o LinkedIn, considerada a maior rede profissional do mundo. Com mais de 30 milhões de usuários só no Brasil, a plataforma dispõe de cerca de 300 mil vagas de trabalho.

Para marcar uma entrevista, basta conseguir chamar a atenção de um recrutador. ;Um bom exercício é pensar: como buscariam alguém como eu? Ou seja, se eu quisesse encontrar alguém com as minhas qualificações, que filtros eu usaria? Que palavras seriam importantes? A partir disso, redigimos nosso perfil. Temos que pensar que ninguém nos conhece e que a ;mágica; que fará um recrutador chegar a nós é puramente tecnológica e funciona por junção e aproximação de palavras;, explica Fernanda Brunsizian, gerente sênior de comunicação corporativa do LinkedIn para América Latina, Espanha e Portugal.

Redes sociais extrapolam os limites pessoais e podem até ser decisivas na hora da contratação. Cuidados na hora de publicar fotos e textos, porém, são cruciais para manter bom relacionamento com a empresa
Após receber o convite de alguns amigos, o analista de sistemas Pablo Henrique, 36 anos, resolveu fazer o cadastro na plataforma. ;Comecei a usar com frequência, sempre atualizando informações sobre empregos, certificações e promoções, até que passei a receber propostas.;

Com o interesse por parte das empresas, o atual gerente de TI da GlobalWeb conseguiu negociar salários e aprimorar parte da experiência. ;O contato foi para saber se eu queria participar do processo seletivo. Participei de entrevistas com o headhunter, com o pessoal do RH e com o diretor da organização e, em seguida, recebi a oferta para contratação. Em menos de um mês, já estava trabalhando no projeto.;

Mesmo com a passagem breve, a oportunidade mediada pelo LinkedIn trouxe benefícios para a carreira de Pablo. ;Quando encerrei minha parte no projeto, eles me desligaram e comecei a entrar em contato com outras empresas por meio da rede. Fiz mais de 20 entrevistas e fui chamado de volta para o local em que eu trabalhava, só que em um cargo melhor, graças à bagagem adquirida nesse emprego temporário;, explica.

Aliados importantes

As redes sociais também podem ser usadas pelas empresas para vender serviços e formar o próprio público. Dono de uma choperia em Águas Claras, o empresário Leonardo Ribeiro contratou uma agência especializada só para cuidar dos perfis do estabelecimento. ;Em um mundo onde todo mundo está conectado o tempo inteiro, ficar fora das redes sociais é praticamente impossível. Você precisa marcar presença, dizer o tipo de produto que tem, promover o seu lugar;, conta.

Juntando Instagram e Facebook, a choperia já tem aproximadamente 9 mil seguidores. Leonardo conta que parte do movimento do local é resultado da divulgação nas redes sociais. ;Se a gente faz uma postagem na terça-feira, na quinta, a casa lota. Para mim, é a maneira mais fácil e barata de promover o serviço.;
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Todo cuidado é pouco

Mas as redes sociais também exigem cuidados. Publicar fotos ousadas, expor opiniões polêmicas e até criticar a atual conjuntura política e econômica do país são costumes relativamente comuns na internet. Entretanto, por mais que aquele espaço seja seu, é necessário tomar alguns cuidados antes de clicar no botão ;postar;, principalmente se você estiver à procura de um emprego.

A Consultora de RH Sênior do Grupo Spot Soluções em Recursos Humanos, Maurikeli Teles, explica que a forma como as pessoas se expressam em redes sociais pode influenciar na hora de concorrer a uma vaga. ;É muito comum que os próprios gestores entrem nas páginas do candidato para verificar como essa pessoa se posiciona sobre determinados assuntos. Às vezes, a empresa fica em dúvida entre dois profissionais e essas publicações podem ser o critério de desempate.;

Discursos de ódio, posicionamento político, publicações negativas sobre o antigo emprego e até mesmo o tipo de imagem compartilhada podem afastar os recrutadores. ;Estamos passando por um processo de transformação, em que as empresas estão muito focadas em verificar os valores dos candidatos para saber se eles são compatíveis com os da organização.;

Maurikeli explica ainda que as plataformas sociais funcionam como uma espécie de portfólio e podem oferecer oportunidades interessantes. ;É comum que pessoas que se destacam por um trabalho legal nas redes sejam chamadas para atuar dentro de determinadas empresas, mesmo sem possuir nenhum tipo de experiência na área;, conta. Para evitar problemas, nada melhor do que a boa e velha sensatez. ;Bom senso e cautela são essenciais para qualquer um, em qualquer situação. Antes de fazer uma publicação, é só pensar se aquele conteúdo vai ofender alguém.;

No caso do LinkedIn, onde as conexões são estritamente profissionais, os usuários devem tomar ainda mais cuidado. ;As redes sociais fazem os conteúdos chegarem a pessoas que não conhecemos, que possuem referências e histórias de vida completamente diferentes das nossas. O LinkedIn é a nossa marca profissional e deve refletir o cuidado que temos com a nossa carreira;, diz Fernanda Brunsizian, do LinkedIn.

Portanto, ela aconselha avaliar se a sua publicação pode estar ofendendo alguém. Para diminuir esse impacto, a sugestão é que mais pessoas leiam o seu texto antes de publicar, de preferência gente de opiniões diversas. ;Os assuntos pessoais devem ficar de fora, e discursos de ódio são proibidos;, completa.
Redes sociais extrapolam os limites pessoais e podem até ser decisivas na hora da contratação. Cuidados na hora de publicar fotos e textos, porém, são cruciais para manter bom relacionamento com a empresa


Em busca do melhor

O ;caçador de cabeças;, no termo em inglês, é uma espécie de mediador entre a empresa e o futuro funcionário. Ele é responsável por selecionar os melhores profissionais de determinadas áreas do mercado, levando em consideração as necessidades e os desejos da organização. Diferentemente de um simples recrutador, que, na maioria das vezes, recebe currículos e ainda não conhece os candidatos, o headhunter mantém uma rede de relacionamentos e garimpa pessoas que têm carreira dentro do campo de atuação.

Redes sociais extrapolam os limites pessoais e podem até ser decisivas na hora da contratação. Cuidados na hora de publicar fotos e textos, porém, são cruciais para manter bom relacionamento com a empresa

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