2019

Liderar e chefiar são coisas bem diferentes: conheça os atributos de um líder

Processo para se tornar um líder exemplar envolve bons relacionamentos, inteligência emocional e aprendizado

Mariana Machado
postado em 08/08/2019 12:09

Alexandre lidera equipe de 45 pessoas, entre elas, Danielle, que está à frente de projeto pela primeira vez este anoSubir os degraus até alcançar um cargo de chefia é o objetivo de muitos. No entanto, esse desejo não torna o profissional automaticamente um líder. São necessárias diversas características para alcançá-lo, cinco atributos ao todo ; autoconhecimento, automotivação, autocontrole de emoções, empatia e capacidade de relacionamento interpessoal ;, conforme ressalta a professora Denize Dutra, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Além disso, é importante ter paciência, resiliência e capacidade de adaptação.

De acordo com ela, que é coordenadora dos MBAs em gestão estratégica de pessoas, cada uma dessas competências pode ser desenvolvida. ;Fazer cursos é um começo, mas é preciso aproveitar todas as oportunidades do dia a dia para interagir com as pessoas e expor ideias e opiniões. Quem não faz isso nunca vai influenciar os outros;, acredita. ;Existe uma teoria que explica que 70% do nosso aprendizado se dá por meio de interações do cotidiano; 20%, por modelos, isto é, mentores; e 10% por educação formal. As três partes são importantes, não adianta ter uma só.;


Trabalho em equipe

A professora lembra que conhecer a empresa ou a organização em que se trabalha representa ponto-chave para saber influenciar os subordinados. A comunicação clara e transparente também é fundamental. Com atenção a isso, o contador e diretor executivo de auditoria da empresa multinacional Ernst & Young, Alexandre Dias Fernandes, 45 anos, lidera uma equipe de 45 pessoas em Brasília.

Formado em contabilidade há 22 anos e professor de curso de pós-graduação na Universidade de Brasília (UnB), ele destaca o trabalho em equipe como essencial para o bom desempenho. ;Isso não significa estar todo mundo junto em uma sala, mas entender o papel do outro e o seu próprio;, observa. Segundo ele, também é preciso agir como coach quando necessário. ;Devemos cobrar, chamar a atenção, mas sempre é importante elogiar um serviço bem-feito e mostrar os resultados.;

Manter a mente aberta e ouvir os questionamentos dos funcionários também faz parte. ;Um bom líder tem que ser capaz de manter relacionamentos. Não pode agir de maneira truculenta. Encarar conflitos é uma arte. Eu procuro ter empatia, me colocar no lugar do outro e, se for o caso, admitir que errei.;

Por meio de um bom relacionamento com todos, Alexandre acredita que o resultado do trabalho fica melhor. Nesse sentido, estar aberto às habilidades da juventude contribui muito. ;Há uma preocupação sobre quem são os trainees ingressando na empresa. Eles serão os sócios do futuro, e esses jovens nos impressionam pela visão de mundo que têm. Podemos aprender muito com eles, assim como eles aprendem conosco.;


Novos talentos

Com apenas 23 anos, a contadora Danielle Rodrigues assume o primeiro cargo de chefia. Trainee por 10 meses e agora recém-promovida a consultora, ela vai coordenar duas pessoas em um projeto. ;Desenvolver minha carreira na empresa sempre foi o meu objetivo, porque vejo uma possibilidade de crescimento exponencial;, declara.

No fim de 2018, ela se formou pela UnB e, agora, planeja uma pós-graduação. Danielle vai passar um mês em Nova York, estudando diferenciação de projetos. ;No trabalho, aprendi o que é resiliência, e acredito que um bom líder deva ter empatia com o time. Às vezes, o projeto é lindo, mas, se a equipe não flui bem, ele não sai. Unidos, a gente transmite conhecimento um ao outro.;

O compartilhamento de conhecimento e a delegação de funções também são aspectos relevantes, mesmo naqueles que não ocupam cargos de alta hierarquia, como explica a psicóloga e mestre em psicologia social pela Universidade de São Paulo (USP) Melina Cavalcante. ;Líder é aquele que bate metas com o time e do jeito certo;, resume.

De acordo com ela, cada vez mais a visão de autoritarismo perde espaço nas empresas. ;Quando falamos em relações no trabalho, a gente caminha para equipes multidisciplinares e relacionamentos mais horizontais. A capacidade de influenciar pessoas e construir relações de confiança é muito importante.;

Diante de obstáculos e problemas, Melina lembra que há muitas formas de se guiar os funcionários. ;A gente tem que ser honesto. Se tem notícia ruim, é melhor dar logo, ser transparente. Mas também deve-se conter a ansiedade e trilhar o caminho de como passar pela adversidade;, aconselha.

Mais do que debater um problema, conseguir decisões consensuais com o grupo, sendo sempre transparente dentro do contexto, faz com que a equipe se sinta mais envolvida em decisões e, consequentemente, mais engajada.

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Também chamado consultor interno de RH, é o profissional que atua dentro da área de Recursos Humanos de uma empresa com o objetivo de auxiliar os gestores a desenvolver melhor o trabalho de gerenciamento de pessoas. Deve entender de todas as áreas da empresa e dar suporte para gerar políticas, diretrizes e ferramentas, fazendo com que os funcionários se sintam engajados, tenham senso de pertencimento e estejam alinhados aos valores e culturas daquela companhia.

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