postado em 27/04/2011 11:13
Filha mais nova de mineiros ingleses que deverá se sagrar rainha da Inglaterra: a imprensa britânica destaca constantemente o maravilhoso destino de Kate Middleton, elevada à alta sociedade por seu casamento no dia 29 de abril com o príncipe William."Os Middleton são muito interessantes porque apresentam um exemplo de mobilidade social através de gerações, em um país obcecado pelas classes sociais", considera Diane Reay, socióloga da Universidade de Cambridge.
Em três gerações, os Middleton conseguiram uma ascensão fulgurante, em um país onde essa mobilidade é mais difícil do que na Europa continental, segundo a pesquisadora.
As raízes da futura princesa remetem à Inglaterra proletária. Por parte de mãe, o bisavô Thomas Harrison fez a escolha decisiva de deixar as minas de carvão do norte da Inglaterra para tentar a sorte em Londres.
Na família do pai, seus membros ascenderam na classe média nascente do século XIX: fabricantes de tecidos, mercadores, funcionários de cartório, bancários e, por fim, o avô piloto.
Os pais de Kate eram funcionário em terra e aeromoça da British Airways antes de fazerem fortuna com sua empresa de material para festas infantis, a Party Pieces.
Ao contrário do que fazem os membros da "upper class", como lembra a imprensa, que persegue impiedosamente todos os sinais de pertencimento à classe média, a mãe, Carole, teria surpreendido ao pedir "toaletes" na festa.
A palavra toaletes está entre os sete "pecados capitais" definidos pela antropóloga Kate Fox ("Watching the English", "Observando os ingleses", tradução livre) que mostram que uma pessoa é da "middle class".
Mas não houve tropeços com relação a Kate, criada nas melhores escolas da ;Upper class".
Porque, quando se tornaram milionários, os Middleton fizeram a escolha decisiva de enviar seus três filhos para o Marlborough College, uma escola particular, onde estudou também a esposa do primeiro-ministro, Samantha Cameron.
"É o sistema de escolas particulares representa aqui, ao contrário de outros países europeus, a classe e o privilégio", explica Diane Reay.
Apenas 7% dos britânicos frequentam as escolas particulares, mas 70% dos membros do governo saíram delas. Para Diane Reay, "hoje, como no início do século XIX, aqueles que deixam as escolas particulares ocupam as camadas superiores da sociedade, com postos na cultura, na política, na justiça, nos negócios".
Uma pesquisa realizada no ano passado mostra que "mais de 50% das pessoas acham que os conflitos de classes estão mais fortes do que nunca", analisa Diane Reay.
"As pessoas têm a sensação de que é preciso lutar para manter sua posição", e "há muita angústia social na classe média", disse. Não sem razão, já que de 25 a 30% dos diplomados da universidade occupam um posto abaixo de suas competências, lembra ela. "Os Middleton foram muito bem sucedidos socialmente. Hoje, isso seria muito mais difícil", considerou.