postado em 06/05/2015 13:23
A pequena Gabriela, de 38 centímetros e 1.390 gramas, dorme sem roupinha dentro da incubadora. A mãe a observa com um olhar apaixonado e, ao mesmo tempo, amedrontado. Uma enfermeira contempla a cena, se aproxima e pergunta: ;Como você está?;. ;A neném está muito melhor hoje;, responde a professora Evelise Bertella, 38 anos, animada. ;Eu sei que a bebê está bem. Eu quero saber como você está?;, retruca a profissional. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela tira os olhos da filha pela primeira vez no dia, levanta a cabeça e agradece a solidariedade da enfermeira.
A pergunta a surpreende porque ela não presta atenção em si mesmo há exatamente 23 dias, desde quando a sua pequena foi internada lá. Não teve resguardo, dor ou cansaço que a tirasse daqueles poucos metros quadrados próximos ao seu bebê. A UTI onde Gabriela está internada é aberta 24 horas para as mães dos pacientes, por isso, ela pode acompanhar a recuperação ativamente. Não precisa se confrontar, todos os dias, com o temor de chegar em casa sem o bebê. Aparece no hospital todo dia cedinho, espera o marido passar lá para ver a filha. Ficam até matarem a saudade da menina.
;Cada dia aqui dentro demora mais do que os anos 10 anos que eu tentei engravidar e bem mais dos que os seis meses da minha tensa gravidez;, analisa, emocionada. ;Meu único objetivo de vida é sair daqui com a Gabriela saudável nos meus braços. Quero trocar a fralda com cocô, quero passar a noite acordada tentando fazê-la dormir, quero dar bronca, quero todas as partes difíceis da maternidade, porque pior do que vê-la na UTI não pode ser;, conclui.