Daniela Garcia
postado em 02/10/2014 08:48
Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff (PT) acusar a adversária do PSB na disputa pelo Palácio do Planalto de mentir e ter desvio de caráter, a ex-senadora Marina Silva rebateu as acusações, em evento no bairro Paraisópolis, na periferia de São Paulo. Segundo a presidenciável socialista, ;falha de caráter; é fazer uma promessa eleitoral e não cumprir o compromisso em quatro anos, disse, referindo-se à ocasião em que Dilma anunciou, na campanha de 2010, que construiria um hospital na região paulista. ;Falha de caráter é vir a uma comunidade como essa, prometer hospital e não cumprir o compromisso em quatro anos. Isso, sim, é mentira.;
A declaração da presidenciável do PSB foi motivada por uma manifestação da candidata do PT à reeleição em coletiva de imprensa concedida na terça-feira, no Rio de Janeiro. Depois de visitar as obras das Olimpíadas de 2016, a presidente voltou a criticar a suposta contradição da rival do PSB em relação à votação do projeto da CPMF, na época em que era senadora pelo Acre. Dilma acusou a adversária de ter mentido ao ser contestada sobre o assunto e destacou que a postura dela demonstrava ;desvio de caráter;.
A ambientalista também respondeu ao conteúdo da propaganda eleitoral de Dilma, veiculada ontem, que criticou as alianças feitas por Marina com políticos da ditadura. A peça publicitária mostra imagens do candidato ao Senado em Santa Catarina, Paulo Bornhausen ; filho de Jorge Bornhausen, militante da Arena, partido de sustentação da ditadura ;, e também de Heráclito Fortes, atualmente candidato a deputado federal no Piauí pelo PSB, ex-Arena. A presidenciável do PSB, por sua vez, afirmou que ;a verdadeira contradição; é a aliança de Dilma com nomes como os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Fernando Collor (PTB-AL). ;As companhias que a presidente Dilma tem, do Collor, do Sarney, do Maluf, do Renan Calheiros, do Jader Barbalho e tantos outros, são a verdadeira contradição, a contradição mais profunda na trajetória de pessoas que deveriam estar honrando essa trajetória;, disse.
Em entrevista da candidata socialista, exibida ontem pela rede norte-americana CNN, Marina se queixou da ;campanha de desqualificação; que diz estar sofrendo na corrida eleitoral. Ela disse que, por causa da ;origem humilde;, ainda enfrenta preconceitos e paga ;um preço muito alto; ao ter que provar sua capacidade.
Rouquidão
Nas vésperas do último debate que antecede o primeiro turno das eleições, Dilma Rousseff passou a quarta-feira reclusa em Brasília. Rouca e praticamente sem voz, o único evento de campanha da candidata foi uma entrevista coletiva na qual ela fez propaganda das ações direcionadas para a educação infantil no governo dela e na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma entrevista rápida, com espaço para poucas perguntas dos jornalistas, ela criticou o fato de Marina Silva ter dito que vai investir mais em saúde, mas sem mostrar a fonte dos recursos. A petista também rebateu críticas à economia e respondeu aos jornalistas sobre o uso político dos Correios.
Apesar do resultado negativo apurado pelo Banco Central para as contas do setor público, a presidente disse que o Brasil tem uma das taxas mais baixas de dívida líquida comparada ao Produto Interno Bruto (PIB). ;Temos tido um desempenho nessa área inquestionável;, argumentou.
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A coletiva foi convocada para a presidente detalhar os feitos dos governos petistas em educação infantil. De acordo com ela, houve uma ;grande revolução;. Dados apresentados pela presidente mostram que o governo de Lula e o dela investiram na construção de mais de 8 mil creches. Do total, cerca de 2 mil foram entregues. Embora a presidente tenha afirmado que essas instituições demoram até três anos para ficarem prontas, até maio deste ano, de acordo com um levantamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ainda havia creches contratadas no governo Lula em andamento. Na época, das cerca de 2 mil creches anunciadas pelo petista, 1,2 mil tinham sido entregues.
PGR pede explicação a Fidelix
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu ontem procedimento eleitoral para apurar se o candidato Levy Fidelix (PRTB) fez um ;discurso mobilizador de ódio; ao criticar o casamento homossexual no debate da TV Record no domingo. Janot disse que é permitido ao cidadão ter opinião e ser contra o a união gay, mas, em princípio, não foi isso que aconteceu no debate. O procurador-geral pediu explicações de Fidelix em 24 horas. Ontem, o presidenciável negou ser discriminador. ;Eu já tive aqui no partido um rapaz que tinha essa ;característica;. Dei carinho, afeto e nunca deixei fazerem bullying com ele;, disse o candidato. (Eduardo Militão)