Eleições 2014

Perfil Aécio Neves: Fôlego novo na reta final da disputa

Ao refazer o discurso contra Marina e o PT, Aécio reconquistou o eleitorado perdido e avançou nas pesquisas. O desafio hoje é garantir vaga no 2º turno da corrida presidencial

postado em 05/10/2014 05:02

Ao refazer o discurso contra Marina e o PT, Aécio reconquistou o eleitorado perdido e avançou nas pesquisas. O desafio hoje é garantir vaga no 2º turno da corrida presidencial Depois de mais de 30 dias em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, o mineiro Aécio Neves (PSDB) chega às urnas neste domingo fortalecido por uma arrancada nas sondagens eleitorais, que agora o colocam à frente de Marina Silva (PSB). Considerado no início da corrida eleitoral o favorito para enfrentar Dilma Rousseff (PT) na etapa final, o tucano, projetado à política pelo avô Tancredo Neves, viu suas oportunidades minguarem após o acidente que matou Eduardo Campos (PSB) e ascendeu repentinamente a candidatura de Marina. Refez o discurso, intensificou os ataques ao PT e colou a imagem da ex-ministra do Meio Ambiente à de seu ex-partido, marcado pelas denúncias de corrupção.

A estratégia o colocou numericamente à frente de Marina, de acordo com as pesquisas divulgadas ontem. Para Aécio, permanecer no páreo significa mais que a possibilidade de conquistar um mandato presidencial e a alternância de poder no Planalto, após 12 anos de gestões petistas. É uma questão que envolve seu crescimento político como quadro nacional importante. Com a perspectiva de o PSDB perder o governo de Minas ; comandado pelo PSDB há 12 anos ;, restará a ele jogar todas as fichas na disputa pelo Planalto.

Aos 54 anos, formado em economia, Aécio chegou à disputa pela Presidência justamente depois de vencer briga interna com a ala paulista do PSDB. Com 43,7 milhões de votos em 2010, o ex-governador de São Paulo José Serra esticou o quanto pôde a colocação do seu nome entre as possibilidades da sigla para 2014. Em maio do ano passado, quando foi eleito presidente nacional do PSDB, Aécio já era o nome da legenda para a briga com o PT. Ao colocá-lo no cargo, a estratégia dos tucanos era de tornar o ex-governador de Minas, que conquistou seu primeiro cargo eletivo em 1986 na Câmara dos Deputados, uma liderança conhecida nacionalmente. Além de explorar a tribuna do Senado para ganhar holofotes, ele passou a viajar pelo país. Em 2013, também se casou. Este ano, tornou-se pai de gêmeos.

A entrada do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos no cenário eleitoral em setembro de 2013, quando o PSB deixou a base aliada de Dilma, assustou os tucanos. O receio cresceu quando Marina decidiu se filiar ao PSB, em outubro do mesmo ano, depois de ver a criação de Rede Sustentabilidade naufragar. Com discurso da nova política, trânsito no Nordeste e recall de 19,6 milhões de votos da ex-senadora em 2010, a dupla foi vista como potencial ameaça. Mas o prognóstico não se confirmou. Com Marina de vice, Eduardo estagnou no terceiro lugar ; mais de 10 pontos percentuais atrás de Aécio na pesquisa Datafolha feita entre 15 e 16 de julho.

Mudança de rumos
Na mesma sondagem, Aécio tinha 20% das intenções de voto, e Dilma, 36%. Os dois empatavam tecnicamente no segundo turno. Três dias depois da divulgação dessa pesquisa, o tucano começou a enfrentar um dos períodos mais difíceis da campanha.

A crise que realmente comprometeu a campanha tucana começou em 13 de agosto, quando um acidente aéreo em Santos (SP) matou Eduardo Campos. Depois do período de luto, a primeira pesquisa divulgada, pelo Datafolha, cinco dias depois, mostrou Marina já empatada com Aécio. As semanas seguintes foram de curva ascendente para a ex-senadora e descendente para o tucano. No auge de Marina, entre 1; e 3 de setembro, ela obteve 35% das intenções de voto, contra 34% de Dilma, e 14% de Aécio.

Ironicamente, Aécio foi beneficiado na reta final pela própria estratégia do PT, que se dedicou no primeiro turno a desconstruir Marina. Ela foi bombardeada com críticas à proposta de dar autonomia ao Banco Central e à mudança de posicionamento sobre direitos LGBT. Aécio investiu no discurso de que, ex-filiada ao PT, Marina estava no partido em momentos como o mensalão. Colocou-se ainda como o verdadeiro voto útil contra o PT e a mudança segura. A estratégia começou a produzir efeito no meio de setembro, quando ele voltou a subir nas pesquisas.

Aécio vai saber hoje se a estratégia de dedicar os últimos dias ao Sudeste, que concentra quase metade do eleitorado brasileiro, deu certo. Se passar ao segundo turno, o tucano reinicia a disputa fortalecido pela rápida recuperação nas pesquisas e pode continuar se beneficiando dessa onda recente. Mesmo que não consiga derrotar Dilma, poderá apresentar, nas corridas futuras, o capital eleitoral conquistado agora.

AÉCIO NEVES DA CUNHA (PSDB)

Senador

Nascimento: 10/3/1960, em Belo Horizonte
Estado civil: casado
Formação: graduado em economia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

TRAJETÓRIA

1970 Muda-se para o Rio de Janeiro com pais e irmãs.
1982 Volta para Minas a pedido do avô Tancredo Neves, que pede empenho do neto na disputa que travava pelo governo de Minas. O avô é eleito e ele passa a trabalhar como seu secretário particular.
1986 Disputa uma eleição pela primeira vez e é eleito deputado federal.
2001 No quarto mandato consecutivo, é eleito presidente da Câmara dos Deputados.
2002 Eleito governador de Minas.
2006 É reeleito em primeiro turno, com 77% dos votos válidos.
2010 Deixa o governo em março com alta popularidade, depois de construir imagem de que colocou as contas do estado em dia com o ;Choque de Gestão;. No mesmo ano, é eleito senador e consegue fazer seu sucessor no governo de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), seu ex-vice.
2013 Com a estratégia do PSDB em fortalecer o nome de Aécio nacionalmente, ele é eleito presidente do partido.
2014 Em junho, lança candidatura à Presidência.

AS ARMAS

; Experiência administrativa
; Boa articulação política
; Agrada o mercado financeiro

CAMPANHA 2014


Vice
; Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), senador

Aliados
; PMN, SDD, DEM, PEN, PTN, PTB, PTC e PTdoB

Contas*

Receita: R$ 40.658.107,66
Despesa: R$ 40.434.878,76

* Referem-se à segunda parcial da prestação de contas, apresentada pelos candidatos entre 28 de agosto e 2 de setembro

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