postado em 05/10/2014 18:22
A eleição para governador do Distrito Federal será decidida no segundo turno, sem a presença de Agnelo Queiroz. O candidato Rodrigo Rollemberg (PSB) disputará o governo local com Jofran Frejat (PR). Rollemberg foi o mais votado com 45,23% (692.855 votos) e Jofran Frejat ficou em segundo com 27,97% (428.522 votos).
[SAIBAMAIS]Atual governador, Agnelo Queiroz não conseguiu avançar para o segundo turno e ficou com 20,07%. A maior expectativa antes das eleições era se Agnelo conseguiria passar Jofran Frejat para disputar o goberno com Rodrigo Rollemberg. O candidato mais votado no primeiro turno liderava as pesquisas desde a saída de José Roberto Arruda da disputa.
Luiz Pitiman ficou com 4,46% dos votos e Toninho do PSOL com 2,26%. A candidata Perci Marrara (PCO) não teve votos computados por causa de situação jurídica.
Fruto da geração Brasília
Filho do ex-ministro e ex-deputado Armando Rollemberg e de Teresa Sobral, o socialista conviveu com a política desde a infância. De família serjipana, nasceu no Rio de Janeiro em 1959 e mudou-se, no ano seguinte, para a nova capital. Em 1978, entrou para o curso de história na Universidade de Brasília (UnB) e teve o primeiro contato direto com a política: passou a militar no movimento estudantil.
Na primeira eleição para a Câmara Legislativa, em 1990, ele não seria candidato até poucos meses antes do pleito. Tinha sido coordenador do segmento jovem do PSB por dois anos, mas o indicado a disputar a vaga seria seu irmão mais velho, Armando. Na mesma época, no entanto, o familiar se mudou para a Europa. Rollemberg, então, tornou-se candidato. Com pouco mais de 2 mil votos, acabou derrotado. Em 1994, voltou a concorrer, ficou como suplente e assumiu o mandato. Participou como integrante da CPI da Grilagem e se aprofundou nas questões fundiárias. A relação ao PT levou o PSB a indicá-lo para a secretaria de Turismo no governo do então petista Cristovam Buarque. Permaneceu no cargo até 1998, quando saiu da pasta para tentar, pela terceira vez, ser distrital.
Com quase 16 mil votos, foi o quinto mais votado. Ganhou projeção principalmente pelo combate à grilagem. Em 2002, rompeu com o PT para se lançar a governador. Calculava fazer uma votação na casa dos 15%. Os planos fracassaram, e ele não passou dos 7%. Nessa época, Rollemberg aproximou-se daquele que passaria a ser seu padrinho político, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto num acidente de avião em agosto último. Campos, então ministro de Ciência e Tecnologia, convidou o atual senador para assumir a secretaria de Inclusão Social da pasta, em 2004.
Dois anos depois, o socialista disputou um assento na Câmara dos Deputados e, com pouco mais de 55 mil votos, entrou na última das oito vagas pelo DF. Na última eleição, a aliança nacional entre PT, PDT e PSB se repetiu no DF. Com 33% dos votos, o socialista se elegeu senador. Dois anos depois, rompeu mais uma vez com o PT e passou a fazer oposição ao governo local. Apesar de não ter nascido no DF, Rollemberg afirmou, durante toda a campanha, que chegou a hora de a ;geração Brasília; governar. Isso porque ele veio para cá ainda bebê. "Sou fruto da escola pública da capital. Estudei em colégios tradicionais, como a Escola Classe 107 Sul, o Setor Leste e o Elefante Branco", recorda.
Mesmo com a concorrida agenda de candidato, não deixa a família de lado. Com mais de 100 integrantes, os Rollemberg são tradicionais na cidade. Entre uma atividade e outra, ele se esforça para almoçar na casa da mãe, na Asa Sul.
Energia e experiência
Aos 77 anos, Jofran Frejat não reclama de cumprir sete a oito compromissos por dia durante a campanha. ;Vamos em frente, minha gente;, diz, animado. Toda a energia e disposição demonstrada na corrida eleitoral faz parte do perfil desse piauiense nascido em Floriano e que se transferiu ainda jovem para o Rio de Janeiro.
Na cidade, aportou para tentar realizar um sonho familiar e, em especial, de sua mãe, Adélia. Vindo de família humilde, Frejat formou-se em 1962 pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. No dia da formatura, as lágrimas nos olhos da mãe, vendo o filho, caçula de 14 irmãos, formado ;doutor;, é cena que jamais se apagou na memória deste médico-cirurgião que fez carreira profissional e política em Brasília.
Frejat chegou à nova capital logo nos primeiros anos da cidade. Começou a trabalhar como médico e, anos depois, tornou-se diretor do Instituto Médico-Legal (IML), em 1973. Em 1979, veio o primeiro convite para a Secretaria de Saúde, no governo Aimé Lamaison, onde ficou até 1983 ; foram três outras experiências na pasta, com Joaquim Roriz.
Das suas passagens pelo Executivo, ainda persistem as lembranças de seu rigor. Levantava-se de madrugada e aparecia de surpresa nos pronto-socorros. Queria saber se as equipes estavam trabalhando de fato. Inaugurou centros de saúde e hospitais. (foto). A entrada na política se deu em 1986, quando se elegeu deputado federal, então pelo extinto PFL ; hoje DEM. Foi um dos deputados constituintes e participou ativamente da elaboração da nova Constituição, aprovada em 1988. Foram, ao todo, cinco mandatos na Câmara dos Deputados.
Vitorioso em todas as campanhas proporcionais, ele não obteve o mesmo êxito nas disputas majoritárias. Foi derrotado na corrida ao Senado, em 2002, e também como vice de Weslian Roriz, em 2010. Frejat chega a 2014 para tentar mudar sua própria história. Acha que tem muito fôlego e boa vontade para fazer um governo produtivo. ;Tenho o que os outros não têm: experiência;, avisa.
Frejat se casou duas vezes, tendo três filhos no primeiro casamento e uma menina, no segundo. Tem cinco netos. Mesmo tendo ocupado vários cargos e funções ao longo de mais de quatro décadas de vida pública, o candidato nunca foi ausente do ambiente familiar. ;Ele almoçava e jantava com a gente, levava na escola, dava bronca e cobrava lição de casa. Também encontrava tempo para brincadeiras. Sempre foi muito presente;, conta o filho Guilherme, de 39 anos.