Eleições 2014

Eleito com 826 mil votos, Reguffe afirma que segue Marina e sinaliza apoio a Aécio

Depois da vitória nas urnas, ele analisa o cenário, conversa com aliados e deve anunciar apoio a Aécio Neves no segundo turno da campanha presidencial

postado em 07/10/2014 06:00
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Candidato mais votado no primeiro turno do Distrito Federal, o senador eleito José Antônio Reguffe (PDT) defende mudanças nos planos local e federal. Em entrevista ao Correio, apesar de não declarar apoio a nenhum dos presidenciáveis, ele deu a entender várias vezes que tem preferência por Aécio Neves (PSDB), seguindo a tendência de Marina Silva. Antes de anunciar apoio na disputa presidencial, o parlamentar vai se reunir com o próximo governador de Mato Grosso, Pedro Taques, e com o senador Cristovam Buarque para uma decisão conjunta até o fim da semana.

[SAIBAMAIS]Com discurso da ética e do corte de gastos públicos na atividade parlamentar, Reguffe conquistou o maior número de votos no primeiro turno desta eleição no Distrito Federal. Em sua primeira entrevista após a vitória, ele agradeceu a cada um dos 826.576 eleitores e prometeu orgulhá-los ao longo dos próximos oito anos. Principal alvo dos adversários na campanha, o parlamentar disse que ainda se sente machucado, mas que ;busca a ajuda de Deus; para perdoar os rivais. ;Não vou me esquecer disso amanhã ou depois. Mas espero, do fundo do coração, que eles sejam felizes.;

Recordista de votos para o Congresso Nacional na última eleição, ele voltou a afirmar que pretende reduzir o número de assessores e abrirá mão de passagens e da verba indenizatória a que terá à disposição no Senado. ;Um senador tem direito a plano de saúde vitalício para ele e para toda a família. Não usarei esse benefício ou nenhum outro, como o carro oficial e a cota de passagens aéreas;, afirmou.



No segundo turno presidencial, o senhor votará em Dilma Rousseff (PT) ou em Aécio Neves (PSDB)?
Hoje (ontem), é um dia de comemoração, de festa. O que posso dizer, por enquanto, é que, como cidadão, quero que as coisas mudem nesta cidade e neste país. Vou conversar com o governador eleito de Mato Grosso, Pedro Taques, e com o senador Cristovam Buarque, pois sempre tivemos uma postura independente dentro do partido, e a tendência é tomarmos uma decisão conjunta. Só o que posso expressar é o meu desejo que as coisas mudem.

Como se deu a aliança com Rodrigo Rollemberg (PSB)?
Quando apoiei Rollemberg, fiz questão que fosse baseado em um programa de governo. Solicitei a ele a inclusão de algumas questões que considero extremamente inovadoras e importantes. Exigi, e ele topou, que a redução em 60% dos cargos comissionados e a devolução ao contribuinte de parte dos impostos pagos em medicamentos estivessem previstas no plano de governo.

As propostas são viáveis?
Em relação aos cargos, não sei como ele vai fazer. Mas a minha posição é que parte desses cargos, principalmente em posições técnicas, sejam repostos por meio de concursos públicos. E que, para as demais funções, seja enviado um projeto de lei à Câmara Legislativa que extíngua definitivamente aqueles postos. Isso para que não se reduza aqui e depois se aumente ali adiante. Sobre os medicamentos, defendo que os 17% em impostos que correspondem ao ICMS, que é recolhido pelo DF, sejam devolvidos no ano seguinte ao cidadão por meio da Nota Legal.

Como vê os ataques sofridos durante a campanha? Depois de vitorioso, perdoa os adversários?
Fui à missa no último domingo para agradecer a Deus por tudo que fez. Aproveitei e pedi, também, que Ele ajude meu coração a perdoar todos os ataques. Sofri muito. Teve um dia que cheguei em casa e vi minha mãe chorando pelo que estavam falando sobre a minha pessoa. Foi uma cena que nunca vou esquecer na vida. Claro que ainda estou machucado e que não vou me esquecer disso amanhã ou depois. Mas espero, do fundo do coração, que eles sejam felizes.

A que se deve os mais de 800 mil votos que recebeu?
Acredito que a expressiva votação seja um reconhecimento aos mandatos que fiz como deputado distrital e federal, quando honrei e cumpri absolutamente todos os pontos do meu panfleto de campanha, que saía distribuindo de mão em mão. E acho que também foi um entendimento por parte da população das minhas propostas. Eu me orgulho muito da confiança que recebi. Fiz uma campanha que não teve um carro de som na rua, uma placa, uma pessoa remunerada entregando panfleto. Uma campanha simples, mas uma batalha de coração e compromisso com as pessoas. Agora, se me perguntar se me supreendi, sim, fiquei surpreso com tantos votos que recebi.

Continuará cortando gastos no próximo mandato?
Reduzirei o custo do mandato pela metade. Assumi esse compromisso na campanha e vou fazê-lo a partir do dia primeiro de janeiro. Dos 55 assessores que um senador tem direito, só terei 14. Um senador tem direito, para ele e toda a família, a um plano de saúde vitalício. Também não ficarei com esse benefício. Além disso, não usarei carro oficial e não vou usar a cota de passagem aérea, assim como fiz no Congresso Nacional. Por fim, abrirei mão de toda a verba indenizatória.

Seus adversários o criticavam dizendo que o senhor teria dificuldades no trabalho no Senado. Como a população saberá que fez a melhor escolha?
O meu mandato economizou aos cofres públicos R$ 2.380 milhões. Se todos os outros 512 fizessem o mesmo, daria uma economia de R$ 1,221 bilhão. Apresentei 34 projetos. Enquanto outros deputados colocam emenda para festas, coloquei para compra de remédios a hospitais, construção de escolas de tempo integral, aparelhar melhor a polícia, comprar viaturas de salvamento e resgate. Tem muito parlamentar que vota pensando em agradar ao governo. Um parlamentar tem que votar pensando se vai beneficiar ou prejudicar a população. Foi assim que agi como deputado distrital, federal e assim vou fazer como senador. Tenho total consciência da minha responsabilidade, sei o que essa votação quer dizer e vocês podem ter certeza: o que eu mais quero na minha vida não é ter um futuro político depois deste mandato. O que eu mais quero é orgulhar cada uma das pessoas que depositou um voto de confiança em mim.


Na sua avaliação, por que Marina Silva perdeu?
Marina é uma pessoa com o coração muito bom, uma pessoa íntegra, correta, e acho que foi uma perda para este país. Ela tinha pouco tempo de televisão. Enquanto uma (candidata) tinha 11 minutos, ela tinha dois. Uma dessas desigualdades do nosso processo eleitoral e da nossa democracia. Falei para ela radicalizar na mudança das práticas políticas e responsabilidade e equilíbrio total na gestão econômica, porque é isso que precisa acontecer no Brasil. A inflação é o pior dos impostos, e isso não pode ter coloração partidária. Ela não conseguiu transmitir isso. Ficou presa discutindo o que os adversários queriam discutir. O que me impressiona é que os adversários dela não lançaram um programa de governo e caíram matando no programa que ela apresentou. Ela é uma pessoa que tem o meu respeito, o meu carinho e vai continuar tendo. Acho que é uma das coisas boas que existem na política deste país, a qual não possui muitas coisas boas, infelizmente.

O senhor pensa que ela vai insistir com a Rede Sustentabilidade e, eventualmente, se filiar ao novo partido?
Não sei, não falei com ela desde ontem (domingo). Ela está descansando. Amanhã (hoje), devo ter uma conversa com ela, mas não sei dizer. Com relação a mim, pretendo continuar onde estou. Fui eleito pelo PDT e quero seguir aqui. Não tenho como falar sobre o dia de amanhã ou o futuro, mas é essa a minha intenção.

Qual o peso que o seu nome terá no segundo turno a favor de Rodrigo Rollemberg (PSB)?

Acho que vai depender muito. Já estou apoiando Rodrigo desde o primeiro turno. Não é nenhuma novidade. Vejo como a melhor opção para a cidade. Agora, se ele ganhar a eleição, não é por minha causa, é por méritos dele. Ele tem muitos méritos. Não acho que os apoios de um ou outro candidato vão decidir uma eleição: os méritos e as propostas dos dois candidatos é que vão. Apoio ajuda, mas não é o que decide eleição.

;Já estou apoiando Rodrigo (Rollemberg) desde o primeiro turno. Não é nenhuma novidade. Vejo como a melhor opção para a cidade. Se ele ganhar a eleição, não é por minha causa, é por méritos dele ;

;Um parlamentar tem que votar pensando se vai beneficiar ou prejudicar a população. Foi assim que agi como deputado distrital, federal e assim vou fazer como senador;

;Fui à missa no último domingo para agradecer a Deus por tudo que fez. Aproveitei e pedi, também, que Ele ajude meu coração a perdoar todos os ataques;

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