Daniela Garcia
postado em 07/10/2014 08:13
Em ato para marcar o início da campanha do segundo turno da eleição presidencial, a presidente Dilma Rousseff (PT) faz hoje encontro em Brasília com governadores e senadores eleitos da base aliada para propagar discurso de comparação do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) com a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010) e de seu primeiro mandato (2011 a 2014). Interlocutores da petista dizem que a reunião, com caráter de megaevento no Brasil 21, visa mostrar que os aliados ;juntos são mais fortes;, frente à tentativa dos tucanos de retomar o poder.
Dilma quer que os políticos eleitos e os que continuam em campanha promovam o projeto de reeleição em seus respectivos estados. Em entrevista coletiva no Palácio do Alvorada, Dilma disse ontem que a segunda rodada das eleições põe em confronto dois projetos de gestão federal, que já foram implantados no país. ;Nós não vamos comparar só programas. Nós vamos comparar governos muito concretos, que apresentaram propostas para o Brasil. Tiveram tempo de fazê-lo, ao contrário de quem nunca tinha governado o país antes.;
[SAIBAMAIS]A candidata do PT rebateu a provocação do adversário, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na comparação dos governos tucano e petista. Em referência aos ;fantasmas do passado; na gestão de FHC a quem presidente criticou, o congressista disse que ;o povo brasileiro está mais preocupado com os monstros do presente;. ;Compare a minha recessão com a dele ; a dos monstros do passado ; com o que está acontecendo no meu governo. Ele pode usar a retórica, mas a realidade se imporá;, respondeu. Ela também atacou o nome de Armínio Fraga, presidente do Banco Central (1999 a 2002), e eventual ministro da Fazenda de Aécio Neves. ;Foi justamente no período em que Armínio Fraga era ministro da Fazenda (gafe da presidente) que a inflação saiu duas vezes do limite superior da política de metas. Foi também em sua gestão que tivemos a maior taxa de juros desse período. Isso é muito complicado. Cada um opta pelo que quiser. Estou fazendo o meu governo e os números são claros;, disse.
A presidente também comentou sobre uma contraposição entre eleitores ricos e pobres, com a disputa de PSDB e PT no segundo turno. ;É engraçado que a culpa sempre cai na conta dos pobres. Os ricos não são culpados de nada. É muito interessante.; Dilma argumentou que FHC entregou o governo com a população composta, principalmente, por pobres e miseráveis. ;Hoje o Brasil está diferente. De cada quatro, três estão na classe média, majoritariamente. Ou acima nas classes A e B.; Ela também ironizou sobre a suposta euforia do mercado com a possibilidade de Aécio Neves vencer as eleições. ;Eu desconfio que os investidores podem fazer tudo, mas não ganham uma eleição. Quem ganha voto no Brasil chama-se povo brasileiro;.
Discurso
A expectativa é que participem do encontro os governadores eleitos de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); do Piauí, Wellington Dias (PT); do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB); de Alagoas, Renan Filho (PMDB); e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), entre outros. São esperados ainda o candidato a vice na chapa de Dilma, Michel Temer, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro está previsto para 15h no centro de eventos Brasil 21. É esperado que Dilma faça um discurso, neste evento que marca o começo da campanha do segundo turno. Segundo ela, a campanha seguirá em estados, na ordem, Nordeste, Sul, Minas Gerais e São Paulo.