Adriana Bernardes
postado em 07/10/2014 08:49
Agnelo Queiroz (PT) não perdeu sozinho as eleições. As escolhas dos brasilienses deixaram de fora nomes até então fortes, que representaram o governo ao longo do mandato petista. Ex-secretários de pastas importantes, como Justiça, Saúde, Habitação e Segurança, foram desbancados pelos adversários. Dos nove que concorriam a uma vaga na política, apenas o ex-chefe da pasta de Esportes saiu vitorioso, como o distrital mais bem votado.Rafael Barbosa, que comandou a Saúde por quase todo o mandato, gastou R$ 598 mil na campanha em busca de uma vaga na Câmara dos Deputados. Ao lado do governador Agnelo Queiroz (PT), foi às ruas e chamou a atenção para a criação de Unidades de Pronto-Atendimento, carretas da visão e da mulher, além de outros investimentos na área. Não convenceu. Conquistou apenas 26.399 votos, ficando atrás do ex-secretário de Justiça Alírio Neto, que também não conseguiu se eleger.
[SAIBAMAIS]À frente da Secretaria de Segurança Pública desde o primeiro ano da gestão petista, o delegado da Polícia Federal Sandro Avelar participou da integração entre as polícias Civil e Militar, mas não conseguiu diminuir a sensação de insegurança da população. Afastou-se para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, mas perdeu. Mesmo assim, Avelar diz ter ficado feliz com os 21 mil votos recebidos, ;especialmente porque fiz campanha sem recursos;. ;Apresentei projetos e discussões que considero importantes para a segurança pública do país. Estou satisfeito porque sou técnico, e não político de profissão;, pontua. Há também o exemplo de Geraldo Magela, ex-secretário de Habitação, que, mesmo responsável pelo Morar Bem, não se elegeu.
Presidente da Câmara Legislativa nos dois primeiros anos do atual governo, Patrício (PT) também passou longe de conquistar a vaga de federal. Com 16.776 votos, ficou atrás de nomes menos testados nas urnas. ;É importante como cidadão e, independentemente de mandato parlamentar, continuar o trabalho de quase uma década por um DF mais protegido e justo. Também precisamos dar seguimento à luta dos praças, policiais e bombeiros militares para transformar em realidade o projeto de reestruturação;, destaca.
O presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, também teve frustrados os planos de reeleição. Em 2010, ele conquistou a primeira suplência de deputado federal e acabou assumindo definitivamente a vaga no lugar de Paulo Tadeu, escolhido conselheiro do Tribunal de Contas do DF. Durante o governo Agnelo, Policarpo foi um dos principais defensores da gestão petista, mas, com 48 mil votos, ficou na segunda suplência de sua coligação, atrás de Vítor Paulo (PRB). Ele não foi encontrado pela reportagem até o fechamento desta edição.
Para especialistas, a derrota de Agnelo e de seu grupo político não pode ser creditada a um único fator. Na visão do marqueteiro Sandro Gianelli, um dos motivos da rejeição do petista pode ser a dificuldade em convencer a população sobre os feitos de seu mandato. ;O candidato precisa passar confiança, credibilidade e firmeza no olhar. Isso é importante para conquistar quem está ao seu lado. A base do Agnelo foi muito ampla, mas faltou traduzir isso em uma representatividade mais próxima à população;, afirma.
O troca-troca na equipe de governo também é fator relevante para a reprovação. No Banco de Brasília (BRB), por exemplo, foram quatro presidentes desde o início da gestão do petista. Na Terracap, passaram quatro administradores. Cinco secretários comandaram a pasta de Desenvolvimento Econômico; quatro nomes passaram pelas pastas de Trabalho e da Pequena Empresa; enquanto três diferentes nomes passaram, cada um, pelo Desenvolvimento Social, Educação, Região Metropolitana, Fazenda e Obras.